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Pai, madrasta e mais dois são condenados por morte de menino Bernardo

Eduardo Lucizano e Marcela Leite

Do UOL, em São Paulo

15/03/2019 19h17Atualizada em 16/03/2019 14h47

Quase cinco anos depois da morte do menino Bernardo Boldrini, jurados votaram pela condenação de quatro pessoas: o pai, Leandro Boldrini; a madrasta, Graciele Ugulini; a amiga do casal, Edelvânia Wirganovicz, e Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia.

O pai foi condenado por homicídio, e a madrasta por homicídio qualificado. Já Edelvânia foi condenada por homicídio e ocultação de cadáver, enquanto o irmão dela, Evandro, foi condenado por homicídio simples e ocultação de cadáver.

Penas

Bernardo Boldrini foi morto aos 11 anos em abril de 2014 - Reprodução - Reprodução
Bernardo Boldrini foi morto aos 11 anos em abril de 2014
Imagem: Reprodução
A sentença lida pela juíza Sucilene Engler esta noite em Três Passos (RS) aponta que além da morte, o garoto sofria maus tratos.

"O acusado [pai] e a madrasta perpetravam atos de violência psicológica e humilhação contra a vítima, como mostram vídeos no celular do réu", escreveu a juíza.

Na decisão, também foi citado o "descontrole emocional e perversidade extraordinária" do pai.

As defesas poderão recorrer das penas, que são:

Leandro Boldrini, pai de Bernardo

  • Por homicídio: 30 anos e oito meses de prisão
  • Por ocultação de cadáver: 2 anos de prisão
  • Por falsidade ideológica: 1 ano de prisão
  • Total: 33 anos e oito meses de prisão

Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo

  • Por homicídio qualificado: 32 anos e 8 meses de prisão
  • Por ocultação de cadáver: 11 meses de prisão
  • Total: 33 anos e 7 meses de prisão

Edelvânia Wirganovicz, amiga do casal

  • Por homicídio qualificado e ocultação de cadáver: 23 anos de prisão

Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia

  • Por homicídio simples e ocultação de cadáver: 9 anos e 6 meses de prisão. Ele poderá ir para o regime semiaberto

Como foi o julgamento

Com júri popular, o julgamento começou na segunda-feira (11) e durou cinco dias. Os réus, já presos, estiveram presentes.

Durante o interrogatório, Leandro Boldrini, Edelvânia e Evandro negaram participação no crime. Graciele Ugulini, então madrasta de Bernardo, afirmou que a morte foi acidental, causada por excesso de remédios.

Madrasta diz que Bernardo teve morte acidental, admite ideia de enterrá-lo e inocenta pai

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Ela disse que levava Bernardo para a casa da amiga, em Frederico Westphalen, e foi parada pela polícia por excesso de velocidade. O menino teria ficado agitado com a situação. Então, Graciele disse que deu ritalina para ele se acalmar, mas a criança continuou agitada. Foi então que ela jogou a bolsa no banco de trás e mandou o garoto tomar mais remédio, sem ver o quanto Bernardo ingeriu.

Ao chegar na casa de Edelvânia, elas trocaram de carro, mas "Bernardo permanecia no banco de trás do carro, imóvel, babando e sem pulso. Então vi que faltavam cinco ou seis remédios na cartela", disse Graciele, que afirmou ter insistido para que Edelvânia a ajudasse. "Em nome da nossa amizade, ela me ajudou a cavar o buraco e enterrar ele", relembrou. Graciele explicou que Boldrini e Evandro não participaram da ação.

Leandro Boldrini também negou ter participado da morte do filho e acusou a mulher e a amiga. "Vocês vão ver quem é que assassinou, planejou a morte do meu filho. Eu digo para vocês quem foi. A Graciele e a Edelvânia", disse.

Segundo denúncia do Ministério Público, Boldrini seria o mentor do crime e teria arcado com as despesas e recompensas. Para o MP, Boldrini e Graciele não queriam partilhar a herança de Odilaine, ex-mulher de Leandro e mãe do menino, com Bernardo.

Relembre o caso

Bernardo desapareceu em 4 de abril de 2014 na cidade de Três Passos (RS). Ele tinha 11 anos na época.

Seu corpo foi encontrado dez dias depois, em Frederico Westphalen, enterrado às margens de um rio. Edelvânia, amiga da madrasta, admitiu o crime à polícia e mostrou o local onde o corpo foi enterrado. O menino morreu depois de receber uma forte dose do sedativo midazolam.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Edelvânia foi condenada a 23 anos de prisão e Evandro a 9 anos - e não o contrário, como havia sido publicado no texto. A informação foi corrigida.