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Gêmeas unidas pela cabeça são separadas em cirurgia no DF; veja vídeo

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

29/04/2019 21h05

Um procedimento difícil, demorado e muito delicado teve um final feliz anteontem. O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) realizou a primeira cirurgia no Distrito Federal de separação de gêmeas siamesas que nasceram unidas pelo crânio.

Mel e Lis, que têm dez meses, ficaram 20 horas na sala de cirurgia. Segundo o HCB, foi o terceiro procedimento feito no país e o décimo no mundo.

Os casos de gêmeos unidos pelo crânio são considerados raríssimos (1 em cada 2,5 milhões de nascimentos) e mais comuns em meninas. As gêmeas foram operadas de 6h30 do sábado até as 2h30 de ontem.

Coordenada pelo neurocirurgião Benício Oton de Lima, a operação teve mais de 50 profissionais, dentre eles cinco estrangeiros - três médicos e duas enfermeiras.

Os profissionais estrangeiros são do The Children's Hospital at Monte Fiore, de Nova York, nos EUA, e foram convidados a participar como consultores devido à sua experiência - eles participaram de todas as dez cirurgias do tipo realizadas até hoje, segundo informou o hospital.

"Para fazer essa cirurgia, foi necessário muito planejamento, discussões, reuniões, ensaios. Por isso que tudo funcionou perfeitamente", disse o médico Benício Oton. "Estamos muito felizes, e essas meninas terão um belo futuro."

Planejamento

As gêmeas Mel e Lis, antes da cirurgia de separação realizada no DF Imagem: Arquivo pessoal

A preparação da cirurgia incluiu ensaios para definir posicionamentos, manobras e separação das mesas cirúrgicas.

As equipes foram divididas em duas: todos do grupo de Mel usavam toucas, máscaras e luvas amarelas, e os do grupo de Lis, cor-de-rosa. Também foram separados os instrumentos, os papéis e os estetoscópios.

A cirurgia foi feita em 36 etapas, descritas em detalhes para que toda a equipe estivesse alinhada.

Alívio

Os pais de Mel e Lis são moradores de Ceilândia, a 30 quilômetros de Brasília. Camilla Vieira Neves, 25, e Rodrigo Martins Aragão, 30, contaram que os meses de preparação foram longos, mas que agora já podem respirar aliviados. O casal também disse que a gravidez das pequenas não foi planejada.

"Foi o acidente mais maravilhoso que tivemos. Depois descobrimos que eram gêmeas e foi uma surpresa. Só que, quando descobrimos que elas iriam ter que passar por tudo isso, ficamos com medo. Mas tive muita fé e pedi para Deus enviar anjos e ele enviou a equipe médica", conta a mãe.

O pai diz que, desde que recebeu a notícia de que o procedimento deu certo, não para de se emocionar. "Não posso olhar para a doutora que nos acompanhou que já choro. É um sonho que se tornou realidade", disse Aragão.

As bebês estão internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Criança de Brasília, onde devem permanecer por 15 dias.

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