Mãe reencontra filho levado após o parto depois de 38 anos
Uma angústia que durou 38 anos finalmente chegou ao fim. Sueli Gomes Rochedo, 56, descobriu ontem o paradeiro do filho que foi levado do Hospital Regional do Gama, no Distrito Federal, em fevereiro de 1981. A confirmação dos laços sanguíneos de Sueli com Luiz Miguel, que vive na Paraíba, veio após um exame de DNA.
Ao UOL, ela contou que morava em um abrigo desde os 9 anos e que deu à luz aos 16. Segundo a mulher, dois dias após ter alta, deixou o filho com uma funcionária do abrigo na porta do hospital para fazer uma ligação e, quando voltou, não encontrou mais a criança.
"Lembro que fui falar com a dona do orfanato no orelhão e ela disse que eu não ficaria com a criança, que eu tinha que entregá-lo. Quando eu falei que iria ficar com ele, ela desligou o telefone. Quando voltei, a funcionária do abrigo já tinha ido embora", relatou.
Sueli teria sido orientada pela dona do orfanato a permanecer calada e a não tocar mais no assunto. "Demorei a levar o caso à polícia porque achei que ele estava morto, não tinha documento nenhum na época. Então tinha medo de achar que eles [polícia] não acreditariam em mim."
A mãe contou que chegou a ser levada por uma outra senhora do orfanato à farmácia para tomar injeções que secassem o leite. "Essa é a parte mais difícil para mim, mas eu sempre tive esperança de encontrá-lo com vida", disse, bastante emocionada.
Investigações
Somente em 2013, após tentativas frustradas de encontrar o filho, Sueli decidiu comunicar o ocorrido à Polícia Civil do Distrito Federal. Segundo o delegado Murilo de Oliveira, os policiais da 14ª DP, iniciaram as investigações naquele ano e trabalhavam com pelo menos 15 hipóteses.
A dona do abrigo, principal suspeita de ter levado o bebê, morreu em 2012, antes que a mãe registrasse ocorrência.
A polícia obteve o contato do médico que fez o parto de Sueli e falou com a mulher dele. Segundo ela, o porteiro do prédio onde o casal morava conhecia a dona do abrigo. As investigações, então, mostraram que Luiz Miguel havia sido dado ao porteiro.
Com o nome do funcionário e da mulher dele, a polícia encontrou uma publicação no Instagram que levou até a família, residente na Paraíba. Em contato com o cartório do estado, os policiais descobriram que o casal teve dois filhos. Um deles era Luiz Miguel, de 38 anos, que era chamado de Ricardo pelo casal.
Segundo a polícia, Ricardo (Luiz Miguel) e a irmã sabiam que eram adotados, mas não quem eram as mães biológicas. Como na época o registro indevido de criança não era considerado crime, o caso foi arquivado, e o porteiro não vai responder criminalmente.
Ansiedade para o reencontro
O sentimento de angústia foi tomado por ansiedade: mãe e filho devem se encontrar na próxima semana.
Antes, os dois se falaram por chamada de vídeo e Sueli descobriu que Luiz Miguel trabalha com imóveis e que é "bonito que nem a mãe".
"Nós vamos nos encontrar logo logo. A ansiedade está tomando conta de mim e mesmo vê-lo à distância já aliviou meu coração. Foi um sentimento mágico, indescritível", concluiu.
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