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Talude de mina da Vale em Barão de Cocais pode se romper a partir de hoje

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

19/05/2019 13h14Atualizada em 19/05/2019 20h06

A mina de Gongo Soco, de responsabilidade da mineradora Vale, em Barão de Cocais (MG), pode se romper a qualquer momento a partir de hoje. O talude norte da cava está se movimentando e as sucessivas vibrações podem causar o seu rompimento e, numa reação em cadeia, romper uma barragem a 1,5 km ao sul da estrutura. O talude é um terreno inclinado que mantém a estabilidade do aterro.

A previsão do rompimento entre hoje e sábado que vem (25) está contida em um documento produzido pela Vale obtido pelo MPMG (Ministério Público do Estado de Minas Gerais). Segundo a mineradora, o risco é iminente nessas datas se a velocidade de aceleração de movimentação do talude norte permanecer o mesmo.

Mina de Gongo Soco - Reprodução/Vale - Reprodução/Vale
Imagem: Reprodução/Vale

A barragem Sul Superior está no nível máximo de alerta possível desde 22 de março deste ano. Um simulado de emergência foi promovido ontem para moradores e visitantes de Barão de Cocais, a cerca de 70 quilômetros de Belo Horizonte. A atividade durou aproximadamente 50 minutos e serviu para orientar as pessoas sobre como deverá ser feita a evacuação no caso do rompimento da barragem.

A Defesa Civil de MG informou que a situação em Barão de Cocais está dentro da normalidade e não receberam novo alerta da Vale até o momento. Em caso de rompimento, reforçou que a população deve ir aos pontos de encontro estabelecidos e seguir os procedimentos detalhados na simulação de emergência. A estimativa é que, caso ocorra o rompimento da barragem, a lama de rejeitos chegue à cidade em 1 hora e 12 minutos.

Procurada pelo UOL, a Vale não retornou até a última atualização desta reportagem quanto à probabilidade atual de rompimento do talude e à previsão para que a barreira de contenção de concreto iniciada na última quinta-feira seja concluída.

A Vale também está envolvida na responsabilidade dos rompimentos das barragens de Brumadinho e Mariana. Ambos os casos aconteceram em Minas Gerais e, juntos, deixaram mais de uma centena de mortos e feridos, além de bairros devastados.

Vale deve apoiar população, segundo MP

Na última quinta-feira, o MPMG recomendou que a Vale utilize carros de som, jornais e rádios, com informações claras, completas e verídicas, sobre a condição estrutural da barragem Sul Superior, os riscos e prováveis danos e impactos em caso de acidente.

A promotoria também pediu que a empresa forneça apoio logístico, psicológico, médico, insumos, alimentação, medicação e transporte às possíveis vítimas, mantendo posto de atendimento 24 horas nas proximidades dos centros das cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.

Em 8 de fevereiro, cerca de 400 pessoas próximas à mina de Gongo Soco foram retiradas da região de forma preventiva e estão em moradias provisórias alugadas pela Vale.

Retirada de animais

Por causa do risco iminente, o MPMG também pediu que a mineradora recolha os animais domésticos e silvestres que estão na região que pode vir a ser atingida após o rompimento.

No comunicado, a promotoria informa que as pessoas que precisarem de ajuda para a retirada dos bichos podem ligar para a empresa no telefone 0800 031 0831.

Mineradora diz monitorar 24 horas

Em nota, a Vale informou que monitora a barragem 24 horas por dia, com tecnologia que detecta movimentações milimétricas da estrutura, e que faz sobrevoos com drone.

A mineradora disse ter iniciado na última quinta-feira uma terraplanagem para a construção de uma barreira de contenção de concreto a 6 km da estrutura em risco em Barão de Cocais. A expectativa é que retenha parte do volume de rejeitos expelidos da barragem se esta se romper. Não há, no entanto, previsão para o fim das obras.

Outras obras emergenciais como contenção com telas metálicas e instalação de blocos de granito estão sendo realizadas para reduzir a velocidade da eventual onda de rejeitos, segundo a Vale.

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