Brasileiro tenta tirar filha de orfanato no Japão e faz vaquinha por viagem
"Tudo o que mais quero é ter minha filha de volta. Não durmo e nem como direito mais pensando em como ela está". A frase de Allan Vieira Okuma, de 35 anos, mostra como vem vivendo os últimos dias por conta de uma disputa judicial. Ele briga na Justiça do Japão para ter a guarda da criança de 12 anos, que está em território japonês. A menina, segundo o pai, foi deixada pela mãe em um orfanato no país asiático.
Okuma é funileiro e morador de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Há dois anos, ele não consegue contato com a ex-mulher e não tem informações sobre a filha. Segundo ele, o seu sobrenome foi retirado do registro da menina após a separação.
"Fui morar no Japão aos 12 anos com o meu pai na cidade de Gunma. Lá conheci a mãe da minha filha e nos casamos após 4 anos de namoro, em 2006. Nos separamos um ano depois, mas sempre visitava minha pequena, passava os finais de semana com ela. Ela só me contou depois que tirou meu sobrenome, sem justificativa", explicou o funileiro ao UOL.
Em 2014, Okuma retornou ao Brasil e continuou em contato com a filha e os avós maternos da menina por telefone e internet. Em 2017, voltou ao país asiático para o enterro do pai. Foi a última vez que viu a filha. Ficou no Japão por três meses, mas teve que voltar porque o visto de turista estava prestes a vencer.
"Quando separamos, pedi a guarda. Ela (ex-mulher) não quis dar. Em 2017, depois que retornei ao Brasil, a minha ex-mulher ligou perguntando se eu queria trazer a minha filha. Eu disse que sim, dei entrada nos documentos, mas não tinha dinheiro suficiente. Com o passar do tempo, ela começou a me ameaçar, dizendo que iria colocá-la no orfanato. Não acreditei, mas infelizmente foi isso que ocorreu", lamentou.
Sucesso em vaquinha
Para financiar os custos das passagens aéreas, hospedagem e gastos com advogados o funileiro decidiu criar uma vaquinha online. O objetivo era de R$ 10 mil, mas, até o fechamento desta reportagem, o valor arrecado já tinha mais do que dobrado: R$ 24 mil.
Okuma buscou ajuda no Itamaraty, mas, segundo ele, só vai ser possível retirar a filha do Japão depois de provar que é o verdadeiro pai da criança. "O Itamaraty informou que seria necessário fazer um registro brasileiro da criança para poder brigar na Justiça por ela. Mas tem mais de um mês que não temos notícias. O nosso contato é com o Consulado de Tóquio. Eles informam que a mãe tem direito a lei do silêncio, de não informar o paradeiro e informações sobre a menina. Então a lei de lá está do lado dela", explica.
Em nota, o Itamaraty disse que vem prestando a assistência consular cabível por meio do Consulado-Geral em Tóquio. Informou também que, em atenção à privacidade dos envolvidos assegurada na Lei de Acesso à Informação, não comentará detalhes específicos do caso.
"Em linhas gerais, em um caso dessa natureza, caberá ao Consulado prestar esclarecimentos ao cidadão brasileiro sobre as leis locais aplicáveis. Eventualmente, de acordo com a necessidade do pai, o Consulado poderá também intermediar contatos deste com as autoridades japonesas competentes e outros envolvidos", diz. O UOL tenta contado com o Consulado.
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