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Moro determina que PF investigue massacre em presídios de Manaus

Parentes de detentos protestam e bloqueiam entrada de presídio em Manaus, capital do Amazonas; pelo menos 57 presos morreram nos últimos dois dias - Sandro Pereira/Reuters
Parentes de detentos protestam e bloqueiam entrada de presídio em Manaus, capital do Amazonas; pelo menos 57 presos morreram nos últimos dois dias Imagem: Sandro Pereira/Reuters

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

29/05/2019 18h44Atualizada em 29/05/2019 19h03

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, determinou hoje que a Polícia Federal instaure um inquérito para investigar o massacre de 55 presos em presídios de Manaus. A decisão foi comunicada por Moro ao governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), por telefone.

Entre o domingo (26) e a segunda-feira (27), 55 detentos foram mortos por colegas de cela em quatro unidades prisionais diferentes.

O Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), a maior delas, é a mesma penitenciária onde, em 2017, outros 56 presos forma mortos durante uma rebelião.

A instauração do inquérito foi a segunda medida adotada por Moro desde o massacre desta semana. A primeira foi o envio de uma força-tarefa penitenciária ao estado.

Os assassinatos seriam resultado de uma briga entre líderes da FDN (Família do Norte), uma das maiores facções do crime organizado do país.

Ontem, durante uma palestra em Portugal, Moro disse que o massacre no Compaj era resultado de um "certo descontrole estatal".

Facção dividida

Há mais de um ano, a FDN, que controla a maior parte do tráfico de drogas na rota do rio Solimões, encontra-se dividida. Suas principais lideranças, José Roberto Barbosa, o Zé Roberto da Compensa (bairro da zona Oeste de Manaus), e João Pinto Carioca, o João Branco, disputam o comando da facção.

Autoridades locais dizem acreditar que as ordens para a matança do início desta semana tenham partido de João Branco.
As disputas internas sobre o comando da facção colocam em xeque o controle da organização sobre a rota do Solimões, uma das principais portas de entrada no Brasil da cocaína produzida na Colômbia e no Peru.

A FDN disputa esse mercado com outras duas facções: o Comando Vermelho (de quem foi aliada) e o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Foi justamente o conflito entre a FDN e o PCC que resultou no massacre de 2017. Uma investigação do MP-AM (Ministério Público do estado do Amazonas) resultou na denúncia de 213 pessoas pelas mortes ocorridas em janeiro daquele ano. Das 56 pessoas mortas naquela ocasião, 26 pertenceriam ao PCC.