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Barão de Cocais: 458 moradores evacuados receberão pagamento mensal da Vale

25.mai.2019 - Placa indicando a direção para o povoado de Socorro e a mina de Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais (MG) - Luciana Quierati/UOL
25.mai.2019 - Placa indicando a direção para o povoado de Socorro e a mina de Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais (MG) Imagem: Luciana Quierati/UOL

Luciana Quierati

Do UOL, em São Paulo

01/07/2019 22h44

Os 458 moradores que tiveram que deixar suas casas em Barão de Cocais (MG) pelo risco de rompimento da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco vão receber pagamentos mensais da Vale durante um ano.

O pagamento começará a ser feito em até 30 dias e será retroativo a 8 de fevereiro, data em que tocou a sirene para evacuar as comunidades de Socorro, Tabuleiro, Piteiras e Vila do Gongo, que ficam nos primeiros 10 quilômetros da rota da lama e podem ser atingidos em menos de 30 minutos.

Pelo acordo firmado na última sexta-feira (28) no Fórum da cidade entre o Ministério Público de Minas Gerais e a mineradora, os moradores deverão receber todo mês, durante um ano, um salário mínimo (R$ 998) por adulto, meio salário mínimo (R$ 499) por adolescente e um quarto de salário (R$ 249,50) por criança.

Durante esse período, a Vale deverá continuar fornecendo o valor de uma cesta básica por família, que atualmente estão realocadas em casas e hotéis custeados pela mineradora em Barão de Cocais e em cidades próximas.

Segundo o acordo, os valores não poderão ser descontados de eventuais indenizações individuais que venham a ser negociadas, mas serão descontados do valor final de uma eventual indenização coletiva.

Uma nova audiência de conciliação será realizada entre as partes em 2 de agosto para definir se a Vale deverá estender o pagamento aos demais residentes da cidade de 32 mil habitantes - o que é defendido pelo MP.

"É inequívoca toda a situação vivida no município de Barão de Cocais, não só pelo pessoal que foi evacuado, mas por toda a população, que está sendo impactada", disse o procurador do município Leandro Fontana em entrevista à imprensa local após a audiência de sexta.

Repasse para a saúde

Ainda no dia 28, a Vale se comprometeu a destinar recursos para a saúde no município. Uma das principais reclamações do prefeito da cidade, Décio Geraldo dos Santos (PV), é que a população tem adoecido com medo do rompimento da barragem.

De acordo com Décio, o município deverá receber R$ 350 mil mensais para o hospital, além de recursos para finalizar a construção de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) e para contratar funcionários.

"Não considero isso uma ajuda, uma vez que nós perdemos dois postos de saúde, um no Gongo e um no Socorro [devido à evacuação da área]. O dinheiro que ela [Vale] está dando para poder terminar um posto de saúde aqui é uma compensação pelo que ela tem feito no município", disse o prefeito ao jornal Diário de Barão na saída da audiência.

Risco de ruptura

Os 458 moradores que receberão o dinheiro têm propriedades na chamada ZAS (zona de autossalvamento), a primeira a ser atingida pela lama em caso de rompimento, e foram retirados de casa em 8 de fevereiro de forma preventiva depois que a barragem teve o certificado de estabilidade negado por uma consultoria contratada pela Vale.

Em 22 de março, a Vale elevou o nível de alerta para o grau máximo (nível 3), por considerar que havia risco iminente de estouro da estrutura.

Em maio, a mineradora informou que parte de uma parede (talude) da mina de Gongo Soco iria cair e que a barragem, a 1,5 quilômetro da mina, poderia ser afetada. A parede vem deslizando gradativamente para dentro da cava da mina, sem maiores consequências para a barragem, segundo a Vale.

De qualquer forma, a população de Barão de Cocais segue em alerta, uma vez que o nível 3 permanece.

Barão de Cocais fica a cerca de 140 quilômetros de Brumadinho, onde outra represa da Vale, a B1 da mina do Córrego do Feijão, se rompeu em 25 de janeiro, deixando até agora 246 mortos e 24 desaparecidos. A cidade está também a 48 quilômetros de Bento Rodrigues, distrito de Mariana, atingido pelo rompimento da barragem do Fundão, em 5 novembro de 2015.