Alunos encenam Dilma e Lula presos por Bolsonaro e criam mal-estar na Bahia
Quatro alunos do Colégio Antônio Vieira, tradicional instituição jesuíta de Salvador, publicaram nas redes sociais ontem uma imagem simulando os petistas Lula da Silva, Dilma Rousseff e Fernando Haddad como presidiários, de joelhos, e Jair Bolsonaro (PSL) prendendo-os.
A foto, postada por um dos estudantes e compartilhada nas redes sociais, gerou mal-estar dentro e fora da escola - sobretudo por não ser um episódio isolado. No ano passado, um grupo de Whatsapp com piadas envolvendo tortura já havia causado polêmica (leia mais no fim do texto).
No episódio de agora, todos são alunos do terceiro ano do ensino médio e têm entre 16 e 17 anos.
Na cena, um dos alunos usa terno preto e uma máscara com o rosto de Bolsonaro e segura uma pistola colorida de plástico. Também faz o sinal de arma com a mão, gesto adotado por bolsonaristas.
Mais à frente, os outros três colegas estão com uniformes de presidiário e vestem máscaras alusivas a Lula, Dilma e Haddad.
"A foto é chocante. A gente sabe que, com a polarização politica no país, muitos estudantes estão sendo incentivados a disseminar o ódio e a violência. Não estão sendo incentivados a discutir, a debater as questões políticas do país de uma forma saudável, que um diálogo consegue estabelecer", afirmou uma professora à reportagem.
Regra burlada
O Colégio Antônio Vieira confirmou que os alunos participavam do ensaio de uma atividade escolar, mas afirma que foi contrariada uma orientação expressa que proíbe manifestações de cunho político-partidário em eventos acadêmicos (leia mais abaixo).
"Eles foram de encontro a uma orientação da escola com um ato sobretudo que não cabe esse momento", afirmou a assessoria da escola ao UOL.
A assessoria da instituição disse que os estudantes se preparavam para uma apresentação intitulada "Mico" --na qual utilizam fantasias e exploram temas diversos.
A instituição também disse que, após o episódio, se reuniu com os estudantes para conversar acerca de suas condutas e chamará os pais ou responsáveis para orientações.
Histórico escolar
Não é a primeira vez que alunos do Colégio Antônio Vieira se envolvem em polêmica ligada a temas políticos.
Em novembro do ano passado, estudantes criaram um grupo no WhatsApp denominado "Direita delirante", no qual trocavam mensagens com ataques a índios e mulheres, além de piadas homofóbicas.
A comunidade virtual defendia a criação de um "ministério da tortura, mais importante que o da cultura", por meio do qual pessoas sejam "torturadas dando umas cinco facadas logo".
Os jovens, com idades entre 14 anos, também sugeriram como pena "trabalhar em uma mina de carvão até morrer".
"Que tal mandar os bandidos pras reservas indígenas? Aí eles se matam e matam os índios também", propôs um dos participantes.
"Índio é inútil, só serve para ter feriado, que se pá que nem feriado é [sic]", disse outro.
À época, o colégio informou em nota ter tomado "medidas educativas pertinentes aos fatos lamentáveis".
"No entanto, firmados numa ética do cuidado para com todos os envolvidos, entendemos que as decisões tomadas referem-se exclusivamente ao âmbito interno da nossa instituição. Desejamos que este caso, que feriu profundamente os princípios e valores da nossa comunidade educativa, sirva para a reflexão de todos sobre a importância do engajamento coletivo na promoção da cultura de paz e respeito com os demais", disse naquela ocasião.
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