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Avião com Huck e Angélica pode ter caído por causa de peça invertida

24.mai.2015 - Além do piloto e co-piloto, estavam no avião Luciano Huck, a mulher Angélica, os três filhos, e duas babás. Todos foram encaminhados para o hospital Santa Casa de Campo Grande, onde receberam atendimento no setor de ortopedia - Reprodução/TV Morena/TV Globo
24.mai.2015 - Além do piloto e co-piloto, estavam no avião Luciano Huck, a mulher Angélica, os três filhos, e duas babás. Todos foram encaminhados para o hospital Santa Casa de Campo Grande, onde receberam atendimento no setor de ortopedia Imagem: Reprodução/TV Morena/TV Globo

Rafael Ribeiro

Colaboração para o UOL, de Campo Grande (MS)

04/09/2019 20h57

O acidente de avião que envolveu o casal global Luciano Huck e Angélica, seus três filhos, Benício, Eva e Joaquim, e ainda a babá das crianças, em Campo Grande (MS), em 24 de maio de 2015, voltou a entrar na pauta da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul após a descoberta de que a queda da aeronave pode ter sido causada pelo uso errado de uma peça.

O avião modelo Embraer 820C havia decolado de uma estância turística do Pantanal, em Miranda, com previsão de pousar no Aeroporto de Campo Grande, mas teve de fazer pouso forçado na ocasião. A versão divulgada é que aparentemente a aeronave ficou sem combustível em pleno ar, caindo em uma fazenda na região de Rochedo.

Mas a Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado apura que há fortes indícios de que uma peça do avião, chamada capacitor de combustível, foi instalada de forma invertida na asa esquerda. A suspeita foi levantada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Aeronáutica.

Segundo a delegada Ana Cláudia Medina, a forma errônea pela qual a peça foi instalada já poderia ser caracterizada como falha de manutenção. Ainda de acordo com a delegada, a descoberta pode fazer quem que a polícia faça uma reprodução simulada dos fatos. "Aguardamos um parecer da perícia para ver se será ou não necessário", disse, ao Correio do Estado.

De concreto, Medina adianta que o piloto da aeronave, Osmar Frattini, 56 anos, será chamado para prestar depoimento sobre a descoberta. "Temos um erro de manutenção e precisamos apurar o que de fato aconteceu. Ele é o responsável por realizar os procedimentos antes da decolagem da aeronave", disse.

Em quatro anos de inquérito criminal do caso, ninguém foi responsabilizado. De acordo com Medina, a maioria das peças já haviam sido vendidas quando a Polícia Civil assumiu o caso.

Cenipa

A descoberta de que a queda do avião foi ocasionada por problemas em sua asa esquerda foi do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Aeronáutica que apura acidentes aéreos no País.

O relatório do órgão militar evidenciou que uma pane seca foi a causa do acidente. "Após 35 minutos de voo, a aproximadamente 43 milhas náuticas do destino, no início da descida, ocorreu o apagamento do motor esquerdo. Devido à incapacidade de manter a altitude, a tripulação realizou o pouso forçado na fazenda. Os dois tripulantes e os sete passageiros sofreram ferimentos leves", diz.

O Cenipa também relata falhas em relação à manutenção da aeronave. "Apesar de o manual de Serviços, MS-NE-821/003, Rev 09 de 22FEV2007, prescrever que os sensores de combustível deveriam ser inspecionados quanto ao estado geral e segurança, nas inspeções de 500 e 100 horas, nenhuma escrituração relativa ao sistema de combustível foi encontrada nas cadernetas de manutenção. A inversão dos sensores de nível de combustível da asa esquerda resultou em uma indicação nos liquidômetros de quantidade superior a real e resultou no apagamento do motor esquerdo", diz.

"A rotina operacional da tripulação não era supervisionada pela empresa, cabendo à tripulação o planejamento dos voos. A própria tripulação planejava os voos de acordo com o destino e o tipo de missão. A responsabilidade e a autonomia eram dadas ao comandante para decidir sobre a realização ou não de voos, sendo o mesmo responsável por analisar e julgar as condições para tal", completa o texto que embasou a investigação da Polícia Civil.

A investigação da queda do avião que levava Huck e a família engloba uma investigação mais ampla feita pela polícia do Estado sobre os serviços de táxis-aéreos.

Segundo Medina, a apuração descobriu que fraudes na manutenção das aeronaves, como uso de peças em péssimo estado de conservação, foram responsáveis por pelo menos três acidentes ocorridos entre 2014 e 2015.

O caso

Huck e os filhos viajaram para o Pantanal para acompanhar uma série de gravações de Angélica para o programa semanal "Estrelas", da Rede Globo.

A família global foi socorrida na ocasião à Santa Casa de Campo Grande. Segundo funcionários, Huck desceu mancando. O filho mais velho do casal estava com machucado no olho e Angélica se feriu na boca. O piloto não se feriu.

Frattini trabalhava como comandante da MS Táxi Aéreo havia 14 anos.