Avô rebate versão da polícia e nega confronto em operação que matou Ághata
O avô de Ághata Félix, morta na noite de sexta-feira depois de ser atingida por um tiro em operação policial, Airton Félix rebateu a versão da Polícia Militar do Rio de Janeiro e negou haver confronto no Complexo do Alemão no momento em a neta ela foi baleada dentro de uma Kombi.
"Mais um na estatística. Vai chegar amanhã e morreu uma criança num confronto. Que confronto? A mãe dele passou lá e viu que não tinha confronto. Com quem? Porque não tinha ninguém, não tinha ninguém. Atirou por atirar na Kombi lá. Atirou na Kombi e matou a minha neta. Foi isso. Isso é confronto? A minha neta estava armada por acaso pra poder levar um tiro?", afirmou Airton Félix, avô da criança, em reportagem do Jornal Hoje.
"Não foi o filho dele, nem a filha dele não, foi a filha de um trabalhador. Ela fala inglês, tem aula de balé, tem aula de tudo, era estudiosa. Ela não vivia na rua não. Agora vem o policial aí e atira em qualquer um que está na rua. Acertou minha neta. Perdi minha neta. Não era para perder ela, nem ninguém", completou o avô.
Ághata foi a quinta criança morta depois de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro, segundo aponta o Instituto Fogo Cruzado. Além dela, Jenifer Gomes, de 11 anos, Kauan Peixoto, 12, Kauaã Rozário, 11, e Kauê dos Santos, 12, foram as vítimas.
Procuradas pelo UOL, a Polícia Militar e o Governo do Estado do Rio de Janeiro mantiveram a alegação de que criminosos realizaram ataques simultâneos no Complexo do Alemão e que os policiais da UPP Fazendinha revidaram à agressão.
Em nota, o Governo do Estado lamentou a morte de Agatha e informou que "as mortes decorrentes de intervenção de agente público são apuradas pelas corregedorias e em inquéritos da Delegacia de Homicídios. Caso comprovado algum excesso, são aplicadas punições previstas em Lei".
Já a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro respondeu em nota que será aberto pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora (UPP) um procedimento para apurar as circunstâncias da ação policial.
O órgão sustenta a versão de que os policiais reagiram a ataques quando estavam baseados entre a esquina da rua Antônio Austragésilo com a rua Nossa Senhora.
Veja abaixo a nota da Assessoria de Imprensa da Polícia Militar do Rio de Janeiro:
Após o confronto, não foi encontrado feridos na varredura do local. Na sequência, os policiais foram informados por populares que um morador teria sido ferido na localidade conhecida como "Estofador".
Uma equipe da UPP se deslocou até o Hospital Getúlio Vargas e confirmou a entrada de uma criança de 8 anos ferida por disparo de arma de fogo.
A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) irá abrir um procedimento apuratório para verificar todas as circunstâncias da ação.
Veja abaixo o posicionamento oficial do Governo do Estado do Rio de Janeiro:
- O Governo do Estado lamenta profundamente a morte da menina Ághata, assim como a de todas as vítimas inocentes, durante ações policiais. O trabalho realizado pelas polícias, que têm como principal objetivo localizar criminosos e apreender armas e drogas, é pautado por informações da área de inteligência e segue protocolos rígidos de execução, sempre com a preocupação de preservar vidas.
- Todas as mortes decorrentes de intervenção de agente público são apuradas pelas corregedorias e em inquéritos da Delegacia de Homicídios. Caso comprovado algum excesso, são aplicadas punições previstas em lei.
- Na noite de sexta, criminosos realizaram ataques simultâneos em diversas localidades do Complexo do Alemão. Policiais da UPP Fazendinha revidaram à agressão e, após o confronto, foram informados por moradores que a menina tinha sido atingida e levada para o Hospital Getúlio Vargas. A PM já abriu um procedimento para apurar a ação dos policiais.
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