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Igreja simula ação criminosa, e moradores acionam a polícia no RN

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

30/10/2019 09h33

Integrantes da igreja evangélica Kerigma, localizada em São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana de Natal, simularam uma ação criminosa pelas ruas e espaços públicos do município, no último fim de semana. A simulação assustou alguns moradores, que acreditaram que estavam sendo alvo de bandidos.

Para dar mais realidade à ação, foram usadas armas airsoft sem o lacre que identifica que se trata de um equipamento esportivo, rádios comunicadores e tornozeleira eletrônica. O simulado de crime chamado de "Teen Impacto" envolveu mais de 300 jovens e ocorreu pelas ruas e quadras poliesportivas do município. A simulação de crime ocorreu no bairro Jardins.

Os "atores" usaram balas de festim para disparar as armas durante supostas trocas de tiros. Houve correria de moradores, que ficaram amedrontados e acionaram a PM (Polícia Militar). Após abordagem a parte do grupo, os policiais constataram que se tratava de um "evento".

Imagens feitas de um carro da polícia mostram parte do grupo sendo abordada por três policiais militares, que descem do carro da PM prontos para combater a suposta ação criminosa. De acordo com as imagens, depois que os integrantes do simulado de crime são rendidos, uma pessoa aparece com um cartaz, que seria um aviso que era uma encenação.

O UOL tentou contato com a PM do Rio Grande do Norte na noite de ontem, mas não conseguiu.

Teatro evangélico

A organização do simulado, a Agência Missionária Impacto Radical, justificou que a ação é um "teatro evangélico" que ocorre para conscientizar jovens sobre problemas sociais e combate à violência. A agência afirmou que avisou aos moradores, autoridades policiais, prefeitura e outros órgãos sobre a ocorrência do "evento". Além disso, colocou cartazes durante trechos que o grupo passou para que alertasse que se tratava de encenação.

"O Teen Impacto se dá num formato de teatro evangélico que tem como plano de fundo a guerra entre grupos de traficantes e milicianos, com a simulação e encenação em locais públicos e privados, e a participação de pessoas cristãs caracterizadas (não são bandidos) e, como tal, portando simulacros de armas de fogo inofensivas, drogas falsas, interpretações de violências e gangues", diz a nota.

Um dos jovens que encenou um bandido na ação estava usando um moletom da torcida organizada do ABC de Natal. Ontem, a torcida Garra Alvinegra repudiou o uso do agasalho por construir "estereótipo ridículo e preconceituoso de que nossa torcida está associada à imoralidade e criminalidade."

"Ao contrário da suposta 'agência', o nosso grêmio recreativo não age com preconceito e irresponsabilidade em sua comunicação. Nunca, em hipótese alguma, precisamos diminuir ou rebaixar a imagem de A ou B para promover nossas benfeitorias. Pelo contrário: somos capazes de fazer o bem como nosso próprio esforço", diz a torcida do ABC.