Heliópolis envia ônibus a ato em homenagem a mortos em Paraisópolis
A morte de nove pessoas em Paraisópolis, São Paulo, completou sete dias neste domingo e a data foi marcada por um ato ecumênico na entrada da viela do Baile da Dz7, local onde ocorreu a tragédia. A cerimônia começou às 17 horas e contou com pessoas da comunidade e um ônibus de moradores de Heliópolis, maior favela da cidade e que também reclama de violência policial.
A presença de moradores de Heliópolis foi informada por Gilson Rodrigues, presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis. Ele comemorou a parceria. "A gente quer mudar a forma como somos tratados e acredita que a união destas comunidades vai fazer um movimento de mudança."
Durante o ato ecumênico, familiares fizeram discursos emocionados. Muitas pessoas usaram branco, balões foram soltos e houve pedido de paz e cobrança por justiça. Moradores e parentes cobram uma investigação rigorosa.
A principal reclamação da comunidade é a maneira que a periferia é tratada pela PM (Polícia Militar). Vídeos postados em redes sociais na última semana mostraram ações da corporação nas duas comunidades com pessoas sendo agredidas por chutes e golpes de cassetete. Há ainda imagens de policiais derrubando motos.
Heliópolis é a maior favela de São Paulo e fica a 18 quilômetros de Paraisópolis, a segunda maior. O ato ecumênico protestou contra estas atitudes e também lembrou das vítimas que morreram pisoteadas no último domingo.
"É muito importante que as comunidades do Brasil e que Paraisópolis e Heliópolis estejam unidas neste momento. Heliópolis sofre das mesmas dores que sofremos aqui. Inclusive no mesmo dia em que morreram jovens aqui, morreram jovens lá", declarou Gilson Rodrigues.Esta é uma das maneiras que Paraisópolis usou para chamar atenção e cobrar providências. Na quarta-feira, centenas de moradores fizeram uma passeata até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. Conseguiram que uma comissão fosse recebida pelo governador João Doria (PSDB-SP).
Saíram do encontro com a instalação de uma comissão externa para acompanhar as investigações. Doria ainda aceitou receber as famílias das nove vítimas nesta segunda-feira no Palácio dos Bandeirantes. Bastante criticado por discursos que defendiam a atuação da PM, o governador de São Paulo mudou o tom das declarações no dia seguinte. Ele falou que não compactua com agressões e mencionou mudanças no protocolo de atuação da Polícia Militar.
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