Grupo que reivindica ataque ao Porta atuou na UniRio em 2018, diz polícia
Resumo da notícia
- Grupo que atacou Porta dos Fundos roubou a UniRio em 2018, diz polícia
- Bandeiras antifascistas foram tomadas e queimadas pelos criminosos
- Vídeos divulgados após os ataques desta semana têm semelhanças
- Frente Integralista nega relação com grupo e ataque a produtora
O grupo integralista Comando de Insurgência Popular Nacionalista, que reivindicou o atentado com coquetéis molotov à sede do canal Porta dos Fundos, também assumiu, há um ano, a autoria de um ataque a UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro).
Em dezembro de 2018, cerca de 11 integrantes do grupo roubaram bandeiras com dizeres antifascistas e, dias depois, publicaram um vídeo queimando os estandartes.
"Esse grupo já tinha praticado um ato que já tinha sido apurado", afirmou o delegado Fábio Barucke, subsecretário Operacional de Polícia Civil. Ao ser questionado se o ato era o ataque à UniRio, ele confirmou: "Isso".
Modo de operação nos ataques
Há uma série de semelhanças entre o modo de operação nos dois ataques e na estética dos vídeos publicados. Tal qual no caso da UniRio, os membros do grupo que reivindicaram o ataque ao Porta dos Fundos se dizem pertencentes à "Família Integralista Brasileira".
Na universidade, bandeiras roubadas carregavam as inscrições "Administração pública antifascista", "Direito antifascista" e "Ciência política antifascista". Todas foram incendiadas no vídeo.
As semelhanças nos ataques são também geográficas. O campus da universidade que foi atacado fica localizado no bairro de Botafogo, a pouco mais de um quilômetro da sede do Porta dos Fundos, que fica no Humaitá.
Os vídeos divulgados carregam traços parecidos: homens encapuzados em locais decorados com as bandeiras integralista e do Brasil proferem um discurso de cunho nacionalista, de extrema-direita, provavelmente alterado por um modificador de voz. A gravação mais recente faz menção ainda à esquete de Natal do Porta dos Fundos que fora disponibilizada na plataforma Netflix.
"Esses malditos servos do Grande Capital blasfemaram contra o Espírito Santo quando chamaram Nosso Senhor Jesus Cristo de bastardo e Maria de prostituta e adúltera. Por isso não merecem perdão", diz uma voz no vídeo enquanto este reproduz o ataque dos integralistas com os coquetéis molotov.
Polícia descarta terrorismo
Apesar de ter como principal linha de investigação o vídeo onde o grupo neofascista reivindica a autoria do atentado contra o Porta dos Fundos, o secretário estadual de Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga, afirma que o caso não será classificado como terrorismo. O delegado responsável pela investigação apura a prática dos crimes de explosão e tentativa de homicídio.
O secretário Marcus Vinícius Braga e outras autoridades da Polícia Civil receberam na manhã de hoje o ator João Vicente, que representou o Porta dos Fundos ao lado do advogado do grupo, os delegados Fábio Barucke, subsecretário Operacional da Polícia Civil, e Marco Aurélio Ribeiro, titular da 10ª DP (Botafogo) e responsável pela investigação.
Quem são os integralistas
A Ação Integralista Brasileira foi um movimento político brasileiro ultranacionalista, conservador e de extrema-direita fundado pelo jornalista e escritor Plínio Salgado, em outubro de 1932, cujo lema era "Deus, pátria e família". A doutrina é citada nos dois vídeos que reivindicaram os ataques no ano passado e neste ano.
Conhecidos como camisas-verdes, os integralistas usavam um uniforme verde-escuro em suas demonstrações e faziam uma saudação com a mão direita para cima, semelhante aos fascistas e nazistas, usando o grito de guerra "anauê", expressão supostamente oriunda do Tupi, que significaria "você é meu irmão".
Os integralistas afirmavam ser contrários ao comunismo e ao socialismo e, apesar de ser de direita, o integralismo é contrário ao liberalismo econômico. O símbolo do integralismo traz a letra grega sigma, cujo significado é a soma dos valores.
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