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Família e amigos creem que jovem achada em canavial em SP foi assassinada

Miloane Corrêa, de 21 anos, foi encontrada morta em um canavial - Arquivo Pessoal
Miloane Corrêa, de 21 anos, foi encontrada morta em um canavial Imagem: Arquivo Pessoal

Felipe de Souza

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

13/01/2020 13h41

Resumo da notícia

  • O corpo de Miloane Corrêa, de 21 anos, foi encontrado em um canavial na zona rural de Dourado (a 276 km de São Paulo) no sábado (11)
  • Ela estava desaparecida desde quinta-feira (9), quando saiu com um amigo em direção a São Carlos (cidade que fica a 59 km de Dourado)
  • Em depoimento, o amigo disse que foi procurar ajuda, enquanto ela ficou lá. Quando voltou, ela teria desaparecido
  • A família acredita que a jovem foi assassinada. Segundo um amigo, o corpo tinha hematomas que seriam compatíveis com marcas de agressão
  • O caso, registrado como morte suspeita, ainda não está esclarecido

Uma garota que queria retomar os estudos, fazer faculdade e adorava animais. Assim era Miloane Corrêa, de 21 anos, encontrada morta em um canavial na zona rural de Dourado (a 276 km de São Paulo) no fim de semana.

"Ela sempre foi muito carinhosa com a gente. Uma pessoa que se dava bem com todo mundo", diz a mãe, a dona de casa Meire Corrêa. A jovem vivia com o pai, mas sempre visitava a mãe na casa dela. "Tudo sempre foi tranquilo por aqui. Quando ela vinha para minha casa, era uma festa. Sempre conversando sobre tudo, se divertindo", conta.

Miloane largou os estudos no 3º ano do ensino médio e planejava, este ano, fazer um curso supletivo para depois entrar em uma faculdade. Ela ainda estava indecisa sobre o que gostaria de estudar, mas, segundo a mãe e alguns amigos, adorava animais, e poderia seguir para a medicina veterinária.

Muito emocionado, o irmão mais velho, o lenhador Pablo Corrêa, contou que ela era especial. "Ela era nosso anjo da guarda. Estou sem chão até agora, parece que é mentira. Queria que fosse", diz. Eles não tinham outros irmãos.

Miloane tinha um filho, de um ano e seis meses, de um relacionamento anterior. A criança está aos cuidados da avó paterna. O corpo da jovem foi enterrado ontem no Cemitério Municipal de Dourado. "Perdi uma irmã, uma amiga e uma das coisas mais importantes da minha vida", afirma Pablo.

Desaparecimento e busca

A garota estava desaparecida desde quinta-feira (9), quando saiu com um amigo em direção a São Carlos (cidade que fica a 59 km de Dourado). Na volta, segundo a Polícia Civil, o veículo atolou. Em depoimento, ele disse que foi procurar ajuda, enquanto ela ficou lá.

O UOL conversou com um amigo de Miloane, que pediu para não ser identificado. Ele chegou a mandar uma mensagem para a jovem por volta da 1h30 de sábado. "Ela respondeu, dizendo que alguma coisa não estava bem. Ficamos desesperados e fomos atrás dela", conta.

Ele e Pablo foram ao local onde o carro estava atolado. "O veículo já não estava mais no mesmo lugar, apesar de ter marcas de que havia ficado preso na lama. O amigo que estava com ela me mandou várias mensagens para que não fôssemos lá, dizendo que ela tinha ido para a cidade", afirma. O corpo foi encontrado pelos pais da garota horas depois.

O amigo ouvido pela reportagem afirma que o corpo de Miloane tinha alguns hematomas que seriam compatíveis a marcas de agressão, apesar de a polícia ter informado no fim de semana que ela havia sido encontrada apenas com sangramento no nariz.

Família acredita em assassinato

A mãe confirma que Miloane usava drogas, mas diz que a filha estava em tratamento, tomando remédios para largar o vício. "Ela estava bem, tinha ficado longe disso. Estávamos empolgados com a evolução dela", detalha.

Por isso, Meire acredita que a filha foi vítima de um crime. "Eu não tenho dúvidas disso. Minha filha não morreu de overdose. Ela foi morta, e a polícia precisa investigar isso", afirma, emocionada.

A hipótese do uso excessivo de drogas havia sido levantada pelo delegado Gilberto de Aquino no sábado (11), quando o corpo foi encontrado. O amigo de Miloane disse que eles consumiram pelo menos um pino de cocaína antes de o carro atolar. O UOL tentou falar na manhã de hoje com Aquino, mas ele não foi encontrado.

O caso, registrado como morte suspeita, ainda não está esclarecido. A Polícia Civil aguarda os laudos do Instituto de Criminalística, que vão determinar a real causa da morte de Miloane -- os resultados devem sair em aproximadamente 30 dias. O celular do amigo que estava com ela foi apreendido para perícia.