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Motorista de aplicativo fez áudio comemorando corridas antes de ser morto

Maurício Cuquejo Sodré, de 29 anos, foi morto a facadas durante uma corrida, no Distrito Federal - Arquivo Pessoal
Maurício Cuquejo Sodré, de 29 anos, foi morto a facadas durante uma corrida, no Distrito Federal Imagem: Arquivo Pessoal

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

24/01/2020 17h07Atualizada em 24/01/2020 19h12

O motorista de aplicativo Maurício Cuquejo Sodré, de 29 anos, foi morto a facadas durante uma corrida, no Distrito Federal. O corpo dele foi encontrado na manhã de ontem, no condomínio Boa Esperança 2, na Granja do Torto, em uma poça d'água.

Quatro suspeitos, um deles adolescente, foram detidos. "Depois de consumirem álcool e drogas, os suspeitos decidiram chamar um carro de aplicativo. Eles confessaram que durante a corrida decidiram assaltar o motorista", disse o delegado Laercio Rosetto. O celular e a carteira da vítima foram levados.

O carro, um Renault Logan, estava ao lado do corpo, em uma vala. No local, também foram encontradas duas facas. O crime é tratado como latrocínio, quando há roubo seguido de morte. A 2ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte, investiga o caso.

Sodré tinha ferimentos na cabeça, no pescoço, costas e mãos — o que indica que ele tentou se defender. O corpo foi colocado no porta-malas do veículo. "No caminho até a Granja do Torto, o carro atolou e por isso foi abandonado", disse.

Hoje, os três suspeitos maiores de idade passaram por audiência de custódia e vão ficar presos por tempo indeterminado. A decisão foi da juíza Lorena Alves Ocampos. "Todos os agentes desferiram socos e chutes na vítima. O fato é de extrema gravidade, concretamente grave e a prisão se mostra necessária, disse um trecho da decisão. O adolescente segue apreendido.

O corpo do jovem vai ser velado amanhã, no cemitério do Gama às 8h, e o enterro está previsto para as 15h. Uma carreata com motoristas de aplicativos também vai ser feita para homenagem o jovem.

Eu perdoo, diz mãe

Maurício Sodré trabalhava como motorista de aplicativo havia pouco mais de oito meses. Era formado em gastronomia e morava em Santa Maria, com a namorada. Trabalhava como motorista para juntar dinheiro e conseguir abrir uma lanchonete. Foi a mãe do jovem que emprestou dinheiro para que ele comprasse o veículo. Segundo ela, ele trabalhava para as empresas Uber e 99.

"É muita dor, muito sofrimento e agonia a gente ter que passar por isso. Mas que seja feita a vontade de Deus. Só Ele para nos dar força para seguir e superar a ausência deixada pelo meu filho", disse Maria Perpetuo Socorro, mãe da vítima.

A mulher, que tem dois filhos e trabalha como dona de casa, foi hoje pela manhã registrar a certidão de óbito da vítima. Ao UOL, ela disse que perdoa os suspeitos.

"Peço muito para que Deus cuide dos rapazes envolvidos na morte do meu filho. Eles vão passar maus bocados na cadeia. Tenho fé que eles vão pagar com a Justiça da terra", declarou.

Último áudio

Horas antes do crime, a vítima encaminhou um áudio para os colegas comemorando o número de corridas que havia feito na noite de anteontem. Depois, ele compartilhou a última corrida que fez. Da Asa Norte para a Granja do Torto"De Taguatinga eu peguei um para Águas Claras, depois Guará. Aí do Guará eu peguei Sobradinho."

Errata: este conteúdo foi atualizado
A primeira versão desta matéria continha uma nota oficial da Uber. No entanto, o comunicado não dizia respeito à morte de Maurício Cuquejo Sodré, mas sim à segurança de todos os motoristas de aplicativo. Sodré não estava em corrida pela Uber no momento em que foi assassinado. A nota foi tirada da matéria, e as informações foram corrigidas.