Com chuva, paulistanos perdem chance de emprego e temem desconto no salário
Cleber Souza e Marcelo Oliveira
Do UOL, em São Paulo
10/02/2020 15h40Atualizada em 10/02/2020 16h29
Com as fortes chuvas que atingiram São Paulo hoje, os paulistanos encontram dificuldades para se deslocar. Ir trabalhar ou ir a uma entrevista de emprego foram problemas para muitos moradores da zona sul da cidade.
Desde as primeiras horas da manhã, a linha 9-esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) está parcialmente paralisada entre as estações Santo Amaro e Osasco. Mesmo com o serviço do Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência) em ação, os paulistanos enfrentaram superlotação nos ônibus.
O garçom José Augusto, 28, teria uma entrevista de emprego ao meio-dia no bairro do Jaguaré, zona oeste da capital. Ele contou que, infelizmente, perdeu a oportunidade por conta da paralisação da linha. Ele mora no bairro do Jardim Angela, também na zona sul.
"Estou perdido. Não tem como eu chegar na empresa que é do outro lado da cidade. Infelizmente vou perder uma oportunidade de emprego depois de seis meses buscando. Agora é correr atrás do prejuízo e torcer para que eles [empresa na qual ele ia fazer a entrevista] consigam remarcar. Vou voltar para casa", disse.
Alagamentos em São Paulo
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Carros submersos na Marginal Tietê, na altura da Ponte das Bandeiras
FÁBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Alagamento e trânsito na região na Marginal Tietê, na Ponte da Casa Verde
Resgate realizado em alagamento na Marginal Tietê, na altura da Ponte das Bandeiras
FÁBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Homem atravessa a nado alagamento na Marginal do Tietê, na altura da Ponte das Bandeiras. Imagem foi captada pela Rede Globo e ele conseguiu chegar no outro lado
Reprodução/TV Globo
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Imagem áerea da Marginal Tietê, na região da Ponte Estaiadinha, zona norte de São Paulo
MARCELO GONCALVES/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Alagamento na Marginal Tietê, na altura da Ponte da Casa Verde
MARCELO GONCALVES/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Carros tentam atravessar trecho alagado na ponte Cidade Jardim, em São Paulo
BRUNO ROCHA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Alagamento atinge Ceagesp, em São Paulo
Reprodução
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Alagamento da Marginal Tietê, na Ponte das Bandeiras
Alagamento na Avenida Cruzeiro do Sul, no sentido de Santana, na zona norte da cidade de São Paulo
HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO
A mesma chuva que fez Augusto perder uma oportunidade de emprego também provocou medo em quem corria o risco de ter o dia descontado.
Como o caso da jovem Heloísa Machado, 25. Ela é recepcionista em uma instituição financeira e precisava estar às 10h no seu local de trabalho, em Pinheiros, zona oeste paulistana. Mas às 11h ela ainda aguardava por um ônibus do Paese em Santo Amaro.
"A empresa não quer saber se você tem problemas, se São Paulo está debaixo d'água. Eles querem a gente lá. Se eu não for, disseram que vai haver desconto em meu salário. Pago aluguel, e as contas não podem esperar. Tenho que enfrentar os riscos. Vamos ver a volta para casa", disse.
Mudar o percurso foi a alternativa encontrada pelo operador de telemarketing Guilherme Matos, 24. O jovem trabalha na Lapa de baixo, zona oeste. Seu horário de trabalho é às 12h20, mas estava atrasado ao serviço.
"Vou ter que mudar todo meu trajeto. Os fiscais da SPTrans disseram que tem o Paese para Osasco, mas estou aqui há uma hora e nada. Mas já falei com meus chefes, eles disseram que até a empresa está alagada. Infelizmente a cidade nunca esteve preparada para uma chuva dessa proporção", disse.
Favela tem resgate e solidariedade
Na favela do Nove, ao lado da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), em São Paulo, próximo da marginal Tietê, a água chegou a atingir 1,2 metro hoje cedo.
Por volta das 6h30 de hoje, moradores improvisaram uma maca com uma escada para resgatar Maria José Machado, 61, recém-operada do intestino e que não podia se locomover.
A água já estava alcançando a cama da idosa e os vizinhos arrombaram a porta e a resgataram. Foram necessárias oito pessoas para realizar o salvamento.
A Ceagesp, vizinha à favela, alagou. As duas principais ruas de acesso à favela, as avenidas Professor Ariovaldo da Silva e José César de Oliveira, foram tomadas pela água.
Moradores também se solidarizaram e ajudaram a resgatar móveis e eletrodomésticos de vizinhos, colocando-os em pontos mais altos para evitar a destruição pela enchente. "A água começou a baixar lentamente à tarde", disse Carlos Alexandre Beraldo, o Xandão, da Associação de Moradores do Ceasa.
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