Acusados pela morte de Marielle Franco e Anderson Gomes vão a júri popular
A Justiça do Rio decidiu que o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz, apontados pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio) como os executores dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, vão a júri popular. A decisão do juiz Gustavo Gomes Kalil ocorre quatro dias antes de o crime completar dois anos. Até hoje as investigações não chegaram aos mandantes do crime.
Ronnie e Élcio são réus por duplo homicídio. Em relação a Marielle, o crime é triplamente qualificado (por motivo torpe, uso de emboscada e de recurso que dificultou a defesa da vereadora), enquanto a morte de Anderson foi tipificada como um homicídio duplamente qualificado (uso de emboscada e recurso que dificultou a defesa). Os réus ainda responderão pela tentativa de homicídio contra Fernanda Gonçalves Chaves, assessora de Marielle que também estava no carro e sobreviveu ao ataque.
Segundo a decisão, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz devem permanecer em prisão preventiva, já que as circunstâncias que levaram à medida continuam inalteradas. A permanência de ambos em um presídio federal será alvo de uma nova decisão no mesmo processo.
O advogado Henrique Telles, responsável pela defesa de Élcio de Queiroz, afirma que irá recorrer da sentença. "Acabei de receber a sentença, que foi publicada hoje. Eu e meus assistentes estamos examinando para ver quais medidas vamos tomar. Mas certamente iremos recorrer dessa decisão", disse.
O UOL entrou em contato com a defesa de Ronnie Lessa e aguarda um posicionamento sobre a decisão da Justiça.
Denúncia anônima levou a acusados
Marielle e Anderson foram mortos na noite do dia 14 de março de 2018, no Estácio, região central do Rio. O motorista levava a vereadora para casa depois que ela saiu de um evento na Casa das Pretas, na Lapa, também na região central.
A Polícia Civil e o MP-RJ só chegaram aos nomes de Ronnie e Élcio oito meses após o início das investigações, por meio de uma denúncia anônima. Os investigadores reuniram diversas informações sobre buscas e navegação na internet de ambos os réus.
Entre os temas pesquisados por Lessa, estavam detalhes da rotina de Marielle —como endereços próximos à casa da vereadora e ao consultório onde fazia sessões de psicanálise. O PM reformado também procurou acessórios para a metralhadora HKMP5, como um silenciador.
A reprodução simulada da cena do crime já havia constatado que esse modelo de arma, equipada com o acessório, foi usada no crime. A arma e o carro utilizados no crime, um Cobalt, nunca foram encontrados.
Os dois réus foram presos no dia 12 de março de 2019, dois dias antes de o crime completar um ano. Dias após a prisão, os dois foram transferidos para um presídio federal.
Em outubro de 2019, Eliane Pereira Figueiredo Lessa, mulher de Ronnie, e Bruno Figueiredo, cunhado do policial reformado, foram presos juntamente com outras duas pessoas ligadas ao policial — Márcio Montavano, o "Márcio Gordo", e Josinaldo Freitas, o "Djaka". De acordo com a Polícia Civil, eles agiram para obstruir as investigações.
O grupo teria ido a um apartamento de propriedade de Ronnie Lessa dois dias depois de sua prisão, horas antes de uma busca da Polícia Civil no local. De lá, saíram com caixas e objetos —entre eles, possivelmente a arma usada para matar Marielle.
O grupo contratou um barqueiro no Quebra-Mar. Os objetos foram arremessados no mar da Barra da Tijuca, na proximidade das ilhas Tijucas. As defesas dos quatro negam as acusações.
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