Acusado de matar Marielle admite que pesquisou sobre Freixo, mas nega crime
Resumo da notícia
- Ronnie Lessa diz que pesquisou sobre Freixo e filha por curiosidade
- Ele está preso com Élcio Queiróz na prisão federal de Porto Velho
- Lessa diz que estava com Queiróz vendo o Flamengo na hora do crime
- Lessa afirma conviver com Élcio Queiróz diariamente no presídio
Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, admitiu em depoimento prestado ao MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) ter pesquisado na internet informações sobre o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ). O policial militar da reserva foi ouvido em 4 de outubro deste ano no presídio federal de Porto Velho.
Lessa diz, em sua defesa, que costuma ser um leitor assíduo de reportagens e que costuma prestar atenção nas informações. "Eu não só leio, eu navego", argumentou.
Segundo Lessa, ao ler uma notícia sobre Freixo, então candidato, decidiu fazer buscas na internet sobre ele e sua filha, mas apenas por curiosidade.
Marielle Franco foi assessora parlamentar de Freixo antes de se eleger vereadora no Rio de Janeiro, e tinha uma ligação de amizade forte com o parlamentar.
"Marcelo Freixo, por exemplo, ele é um político do meu estado. Então, ele é uma pessoa pública. Quando falaram da filha dele [nos jornais]... 'ah, que ele [Lessa] pesquisou a filha... a filha?!', eu não lembrava que ele tinha filha, não sabia que ele tinha filha", afirmou no depoimento.
"Quando a gente clica na matéria, tá lá a foto dele votando com a filha. Era uma disputa, se não me engano, para prefeito. Ele tá votando com a filha, tá no jornal. Não só eu vi. Acredito que todos nós tenhamos visto. Nós cariocas. Porque é interesse... É matéria", complementou.
Cerveja e Flamengo com Élcio Queiróz
Questionado por uma promotora com que frequência se encontrava com Élcio Queiróz, o policial da reserva afirmou que os dois são compadres.
"Conheço o Élcio há quase 30 anos. A gente se vê bastante às vezes, às vezes, não. Não tem uma rotina", disse. "Pelo menos uma vez por mês, no mínimo, e sou padrinho do filho dele", acrescentou.
Indagado se no dia da morte de Marielle ele se encontrou com Queiróz, Lessa confirmou. "Com certeza. Com certeza. Ele foi na minha casa. Foi no dia do crime. Ele chegou lá umas 17h e pouco, ficamos bebendo, depois fomos para Olegário Maciel, esse dia tinha jogo do Flamengo", afirmou.
"Nessa época, eu era quase um alcoólatra. Então, às 19h, eu já... Não era perceptível algumas coisas. Mas agora dá para recordar, sim. Nós ficamos até 4h, o que era natural, normal isso", disse. Ele afirmou que, depois de beber, voltou para casa com Queiróz para que ele pegasse seu carro e fosse embora.
Depois de Queiróz ter ido embora, Lessa afirmou ter continuado na rua, "em alguma barraquinha".
No presídio federal de Rondônia, onde está preso, ele afirma ter convívio diário com Élcio Queiróz. "Todo dia."
Acusado nega envolvimento no crime
"O que eu tenho a dizer? Eu nego, excelência. É totalmente infundada essa acusação. Eu não sei por que, até hoje, essa acusação veio parar para mim", afirmou no depoimento gravado em juízo. Segundo o MP, Lessa é o homem que atirou contra Marielle e Anderson.
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