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Caso Marielle

Polícia do Rio prende mulher de PM acusado de matar Marielle

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio*

03/10/2019 06h37Atualizada em 03/10/2019 17h53

Resumo da notícia

  • Polícia prende 4 pessoas por suspeita de participação nas mortes de Marielle e Anderson
  • Eles são suspeitos de ocultar a arma usada no crime
  • Entre os presos estão a mulher e o cunhado de Ronnie Lessa, acusado de matar a dupla

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu na manhã de hoje quatro pessoas suspeitas de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. Entre elas está Elaine Pereira Figueiredo Lessa, mulher do sargento reformado da PM Ronnie Lessa, acusado de cometer o crime.

Além de Elaine, a polícia prendeu Bruno Figueiredo, irmão dela, Márcio Montavano, o "Márcio Gordo", e Josinaldo Freitas, o "Di Jaca". Eles são suspeitos de ajudar a ocultar provas, entre elas, a arma usada no crime. Ronnie também é alvo de mandado, mas ele já está preso.

As acusações são de obstrução de Justiça, porte de arma e associação criminosa. A operação, chamada de "Submersus", cumpre também 20 mandados de busca e apreensão.

Elaine Lessa, mulher de Ronnie Lessa, chega a delegacia após ser presa - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Elaine Lessa, mulher de Ronnie Lessa, chega a delegacia após ser presa
Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Arma usada no crime foi jogada no mar, diz polícia

Segundo a Polícia Civil, o grupo teria ocultado armas usadas pelo grupo de Ronnie, entre elas a submetralhadora HK MP5, que teria sido usada para matar Marielle e Anderson.

De acordo com as investigações da DH (Delegacia de Homicídios), em março deste ano, dois dias depois das prisões de Ronnie e do ex-policial Élcio de Queiroz, outro acusado de matar a dupla, o grupo teria jogado as armas no mar. Sob o comando de Elaine, conforme a polícia, o armamento foi descartado próximo às ilhas Tijucas, na altura da Barra da Tijuca.

Para a DH, Montavano tirou uma caixa com armas de um apartamento no bairro da Pechincha, na zona oeste do Rio, levou-a até Freitas, que havia contratado o serviço de um taxista para transportá-la até o Quebra-Mar, de onde saiu o barco que levou o material até o oceano.

Já Bruno é acusado de ajudar Montavano na execução do plano. Com o auxílio de mergulhadores do Corpo de Bombeiros e da Marinha, foram realizadas buscas no local, mas nada foi encontrado. A profundidade e as águas muito turvas dificultaram o trabalho, segundo a Polícia Civil.

Já um pescador, segundo a investigação, revelou que foi contratado por um homem, identificado depois como "Di Jaca", recebendo R$ 400 para levá-lo ao local onde "fuzis e pequenas caixas", que estavam em uma mala e em uma caixa, seriam jogados no mar.

Bruno Figueiredo, cunhado de Ronnie Lessa, também foi preso - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Bruno Figueiredo, cunhado de Ronnie Lessa, também foi preso
Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Outro lado

O advogado de Elaine, Fernando Santana, disse que ficou surpreso com a prisão. "Elaine era testemunha, prestou depoimento aqui [na Delegacia de Homicídios] e agora foi presa?", questionou o advogado, que também defende Lessa e Figueiredo.

Santana confirmou que Elaine pediu a retirada de uma caixa do apartamento um dia após a prisão do PM reformado. Porém, ele nega que o objetivo fosse obstruir as investigações. Segundo o advogado, a retirada dos objetos tinha o objetivo de entregar o apartamento, que teria sido alugado para os pais de Lessa.

Ele negou que dentro da caixa estivessem armas, como acusa o MP. Santana diz que o conteúdo eram objetos pessoais.

O advogado Guilherme Palpério, responsável pela defesa de Márcio Gordo, também confirmou que o cliente retirou a caixa do apartamento a pedido da mulher de Lessa. Contudo, negou que ele soubesse que teriam armas no compartimento. Segundo o advogado, Mantovano era amigo da família e foi ajudar a remover objetos pessoais do imóvel.

"A defesa desconhece essa informação de que haveria armas dentro da caixa", disse. "Não caberiam ali fuzis, na minha ótica. Ele reconhece que pegou a caixa e não sabia o que tinha dentro. Tinham tralhas que já estavam separadas: um ventilador, um ursinho, acho que uma vassoura também. Dali entregou a caixa para a Elaine."

O UOL não conseguiu contado com a defesa de Josinaldo Freitas.

O crime

Marielle e Anderson foram assassinados a tiros em 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, Centro do Rio. Eles estavam dentro de um carro quando o crime aconteceu.

A vereadora voltava de um evento chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Lapa, também na região central, quando um carro emparelhou com o veículo em que ela estava e efetuou disparos.

Acusados da execução dos assassinatos, Ronnie e Queiroz, que dirigia o carro usado no crime segundo a polícia, estão presos na Penitenciária Federal de Porto Velho. Os dois negam participação no crime.

* Com informações da Agência Brasil e do UOL, em São Paulo

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