PM quebra a perna de mulher durante abordagem em SC; conduta será apurada
Uma mulher ficou ferida em uma abordagem da Polícia Militar em Mafra (SC), a 296 km de Florianópolis. O caso aconteceu em 19 de fevereiro, mas só veio à tona nesta semana após um vídeo ser compartilhado nas redes sociais. O nome da mulher não foi divulgado pela PM. Em nota, o comandante da unidade local, tenente-coronel Marcelo Pereira afirmou que foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos agentes.
Na gravação, há pelo menos seis PMs na frente de uma casa, no bairro Novo Horizonte. Um dos policiais chega a dizer "não venha a me ensinar a fazer o meu serviço" e "você não entende nada de polícia" para uma idosa de 70 anos. Segundos depois, quatro PMs se aproximam de outra mulher e um deles anuncia que ela está presa por desacato aos policiais. Os braços dela são colocados para trás e ela é levada para outro ponto da propriedade, próximo dos carros da PM. Em seguida, o PM dá um chute na panturrilha da mulher, que cai de boca no chão.
É possível perceber que a mulher está sangrando no rosto e tem uma fratura na perna. Uma outra mulher questiona a abordagem enquanto um policial está sobre a lesionada: "você machucou ela! Você precisa fazer isso?" Um PM diz que ela está presa e que a ação é necessária porque ela reagiu. A lesionada diz que a perna está quebrada e a outra mulher se revolta: "olha o que vocês fizeram", indicando para um osso saltado. Em seguida, o celular cai no chão.
Proteção a suspeito e resistência
Em nota, a PM informou que chegou até a residência após desconfiar da atitude do condutor de uma motocicleta e estranhar que as placas do veículo estavam levantando. Ele fugiu em alta velocidade, entrou em um terreno baldio e se escondeu nos fundos de uma casa, na qual foi detido.
"Nesse momento, vários vizinhos se aproximaram e passaram a ameaçar de agressão física os policiais militares caso tentassem levar o detido e a motocicleta. Um dos envolvidos chegou a passar uma corrente e um cadeado no portão do terreno, deixando a guarnição sem condições de sair com segurança, deixando claro o intento de investir contra a vida dos policiais militares. Esta mesma pessoa, de posse de um facão, foi na direção dos policiais militares, que utilizaram gás pimenta e conseguiram conter o agressor. Várias outras pessoas, de posse de pedaços de madeira, ferro e pedras ainda ameaçavam os policiais militares", diz o comunicado.
Reforços foram chamados e a situação foi controlada. Entretanto, segundo a nota da PM, a mulher seguiu desacatando os policiais e, no momento em que estava sendo levada para a viatura, "demonstrou resistência", motivando o policial a fazer "uso da força, vindo ao chão, restando ferimentos superficiais no nariz, bem como suspeita de fratura na perna esquerda". O Corpo de Bombeiros foi chamado e fez o atendimento à mulher.
O comandante disse, por meio do comunicado, que "os policiais militares são treinados a fazer o uso progressivo da força, bem como, observarem os protocolos operacionais padrão. A ação foi filmada por câmeras táticas que equipam os policiais militares de todo o Estado". As imagens já foram encaminhadas para o Ministério Público de Mafra, que acompanha o caso.
Detenção e fiança
Segundo o delegado Nelson Vidal, que estava de plantão naquele dia, 14 pessoas foram ouvidas, entre testemunhas, policiais militares e os detidos. Dois homens e a mulher foram autuados em flagrante por desacato, resistência e ameaça. Os três pagaram fiança e liberados.
"Embora ela tenha sido lesionada, os crimes que ela praticou, no momento que eu atendi a ocorrência, eu verifiquei que havia fundada suspeita e indícios que ela teria praticado resistência e desacato", disse o delegado ao UOL.
Vidal afirmou que as filmagens não foram apresentadas naquele dia na delegacia - tanto dos populares quanto das câmeras dos PMs. "Essas GoPro [marca da câmera] dos policiais precisam ser descarregadas no quartel e um policial tem a senha para acessar a essas filmagens", disse.
A mulher que gravou a ação também foi levada para a delegacia e, mesmo acompanhada por dois advogados, não deu a senha do celular para acesso às imagens.
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