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São Paulo anuncia suspensão de aulas e eventos com mais de 500 pessoas

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

13/03/2020 19h14Atualizada em 14/03/2020 00h23

As aulas na educação pública municipal e estadual de São Paulo serão suspensas a partir de segunda-feira (23), informaram as secretarias municipal e estadual de educação. Além das aulas, também estão suspensos eventos esportivos, musicais, de lazer ou de outra natureza acima de 500 pessoas, informou o governador de São Paulo, João Doria.

Já a partir da próxima segunda-feira (16), serão dadas orientações aos alunos e às famílias sobre como se portar nesses dias de férias adiantadas. Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não é para os estudantes deixarem de ir às aulas para ficar próximos de idosos, grupo considerado de risco para contágio do coronavírus.

"Não deixe crianças e adolescentes com pessoas de idade", disse o ministro em coletiva de imprensa hoje em São Paulo. De acordo com ele, a próxima semana servirá para orientar as famílias para que os jovens evitem esse contato. A orientação se estende para as escolas privadas.

O secretário estadual de educação, Rossieli Soares, informou que a suspensão será feita de forma gradual justamente para as famílias se organizem para manter idosos e jovens afastados. "Não adianta suspender as aulas e as crianças estarem com a avó e com o avô que são o público que mais preocupa".

Porém, caso os pais decidam não enviar seus filhos já na próxima semana, eles não receberão falta.

Segundo ele, a decisão para a suspensão veio depois de confirmada a primeira transmissão comunitária do vírus no estado. "A mudança para a transmissão sustentada altera a conduta porque os jovens têm característica assintomática, o que pode aumentar a transmissão".

Transmissão comunitária é aquela em que não é possível identificar a trajetória de infecção do vírus.

Rossieli informou que o governo irá patrocinar internet para que os alunos possam acessar os conteúdos à distância. "Mesmo naqueles lugares mais pobres e mais distantes, vamos patrocinar a internet para que os alunos possam acessar esses conteúdos", disse.

A suspensão é por tempo indeterminado e, de acordo com o secretário, irá durar o quanto for necessário durante a pandemia. "Nós teremos durante esse prazo discussões das adaptações necessárias para o cumprimento do calendário escolar a depender do tempo que ficarmos [sem aulas]. Se for uma semana, uma coisa, se com duas semanas é outra, e assim por diante".

A orientação para as universidades públicas, no entanto, é para que suspendam as aulas já nesta segunda-feira. Porém, segundo informou o secretário de saúde do estado, José Henrique Germann, a suspensão não se aplica aos cursos de área de saúde a partir dos 4º ano devido ao trabalho em hospitais.

"Cursos da saúde, medicina, fisioterapia, enfermagem, não suspendam as aulas. Pessoal das biológicas, permaneçam nos cursos, vocês serão capacitados. Pessoal da saúde, essa briga é com a gente", disse o ministro da saúde. Ele também pediu ajuda das instituições privadas para que mantenham seus curso de saúde funcionando.

De acordo com o ministro, os profissionais da área da saúde são os que mais adoecem nesses casos de epidemia e precisam ser substituídos. "Nós precisamos contar com todos mobilizados", disse.

Também estão suspensas a partir de agora as férias de médicos e enfermeiros por 60 dias, informou João Doria.

O infectologista David Uip também informou que o primeiro paciente contaminado no Brasil e internado no hospital Albert Einstein foi curado da doença. O homem, de 61 anos, apresentou sintomas depois de voltar da Itália e ficou em quarentena. Segundo Uip, foi atestado clinicamente que o paciente não apresenta mais o vírus e recebeu alta.

Hoje, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que o governo federal atendeu parcialmente seu pedido e liberou R$ 92 milhões para investimentos em saúde pública no âmbito da crise envolvendo o novo coronavírus. Ele havia requerido, inicialmente, R$ 250 milhões para políticas públicas relacionadas à covid-19.

Ontem, o governo informou que serão instalados mil novos leitos de UTI (600 na capital e outros 400 espalhados pelo Estado) em São Paulo, todos custeados pelo ministério da Saúde.

Há 98 casos confirmados de coronavírus no Brasil, segundo dados do ministério da saúde divulgados na tarde de hoje. 1.485 casos são considerados suspeitos. São Paulo é o estado que concentra o maior número de casos, com 56.