Coronavírus: Medo da falta de dinheiro em papel gera corrida a bancos em SP
O medo da falta de dinheiro em papel tem levado a população às portas dos bancos e lotéricas de São Paulo em meio à pandemia de coronavírus. Pelo menos três redes bancárias afirmaram ao UOL que têm, diariamente, filas e aglomerações de pessoas do lado de fora de suas unidades na capital paulista.
Apesar da recomendação das autoridades para que a população fique em casa, e da prorrogação da quarentena no estado de São Paulo, no Grajaú, zona sul da cidade, o que se vê é a uma mistura de jovens e idosos em grupos, aguardando para pagar contas, sacar benefícios e fazer depósitos em dinheiro.
Na fila da Caixa Econômica Federal, da avenida Dona Belmira Marin, o vendedor de flores Marcos Silva, 47, relata seu receio em estar numa fila com centenas de pessoas.
"Eu estou aqui porque não tem outro jeito. Quem trabalha por conta tem de correr atrás. Vim buscar meu benefício [coronavoucher], se faltar dinheiro a gente não sobrevive", disse o comerciante.
Os bancos pedem que os clientes usem aplicativos e sites para fazer pagamentos e transferências pela internet. Mas nem todos, no entanto, têm acesso a esses meios de relação bancária.
A reportagem do UOL presenciou poucos cidadãos de máscara de proteção. Nas calçadas das agências, demarcações são feitas para que os clientes respeitem o espaço de 1 metro entre uma pessoa e outra. Poucos seguem as instruções.
A mais de 40 minutos na fila da Caixa, a copeira Fernanda de Paula, 34, e a cozinheira Claudia Melo, 44, aguardavam para pagar contas. As duas estão sem trabalhar desde o mês passado.
Tive um resfriado e fui afastada. As contas chegam sem parar e a gente tem de arcar com o prejuízo disso tudo. Medo a gente tem, mas fazer o quê? Tem que pagar conta enquanto tem dinheiro e enquanto o banco está aberto.
Claudia Melo, 44, cozinheira
Já Fernanda aponta que a situação é "complicada" e que as coisas podem piorar. "A gente se arrisca, mesmo sabendo do que pode acontecer. Estou aqui para sacar dinheiro e pagar conta. Ainda bem que a aglomeração é aqui fora, imagina se fosse lá dentro?"
Medo? É o que a gente mais tem. Mas olha o tanto de gente nessa fila, acha que as pessoas estão preocupadas com o vírus ou com o dinheiro e as contas? Eu mesmo, se não fosse autônomo, estaria morrendo de fome já. Tenho um dinheiro guardado que só está servindo para pagar conta agora. Se acabar, só Deus sabe como vou pagar aluguel, como vou sustentar minha casa.
Celso Muniz, 45, trabalhador informal
Mas não é só o risco de contrair a covid-19 que tem preocupado a população nas filas nos bancos. A comerciante Janaina Melo, 40, estava pelo segundo dia consecutivo tentando fazer depósito no banco Itaú, no Grajaú. Ela tem uma farmácia na mesma região.
"A gente arrisca não só a saúde, mas também a nossa segurança, esperando mais de uma hora do lado de fora do banco para fazer um depósito em dinheiro. Ou seja, risco dobrado, não tem jeito. A gente tenta fazer tudo por telefone, tenta conversar com gerente, mas não temos respostas, infelizmente temos de vir enfrentar essas filas. É o nosso dinheiro, temos de cuidar", disse Janaina.
Bancos: atendimento digital é a melhor opção
Além da Caixa Econômica Federal e do Banco Itaú, citados na reportagem, o Bradesco também tem filas e aglomerações em suas agências. Ao UOL, o banco afirma que pede aos clientes para que priorizem a utilização dos canais digitais (aplicativo, site) para serviços que não tenham necessidade de serem feitos presencialmente.
Nas agências, o horário de atendimento ocorre entre 10h e 14h para o público em geral, devido à pandemia.
Aos aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), o atendimento começa uma hora antes. Nos dias de pagamento desse público, a abertura das agências acontecerá com duas horas de antecedência, às 8h.
O Itaú Unibanco também vem orientando seus clientes para que deem preferência aos canais digitais.
O Itaú ressalta ainda que manter colaboradores no espaço público fora das unidades não só compromete o funcionamento da operação, pois os funcionários não possuem os instrumentos apropriados para esse tipo de situação, como pode colocar a segurança física e a saúde deles e dos clientes em risco.
A Caixa Econômica Federal afirma que, além de cuidados de higiene nas agências, aumentou para R$ 5.000 o limite de transferências eletrônicas entre contas e para R$ 10 mil o limite das transações através do Mobile Banking como forma de reforçar o uso de plataformas digitais.
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