Esse vírus maldito levou minha neta, diz avó de bebê morto por covid no Rio
A menina Heloísa Vitória é a paciente mais nova que morreu em decorrência de complicações ocasionadas pelo novo coronavírus no Rio de Janeiro. A bebê nasceu com uma doença crônica, a síndrome lactente sibilante (conhecida como bebê chiador, que caracteriza um problema respiratório que pode desaparecer no decorrer dos anos), mas morreu por covid-19 a quatro dias de completar nove meses.
A família de Heloísa conta que buscou atendimento em três unidades de saúde até a bebê morrer no Hospital Municipal Jesus, localizado no bairro de Vila Isabel, na zona norte da capital, no último dia 11.
A avó da menina, Ana Clara da Silva, desconfia que a criança foi infectada em uma das unidades. Os pais buscaram atendimento inicialmente devido ao excesso de secreção nas vias aéreas e a desconfiança de uma dor na barriga da menina.
"Ela não estava com nenhum sintoma [de coronavírus] em casa. Pegou no hospital. Procuramos atendimento, pois ela tinha muito catarro e dor na barriga que fazia a bebê reclamar. Passamos por três hospitais em busca de atendimento para ela. Aí veio esse vírus maldito no meio do caminho e levou minha neta. Estamos arrasados. Fizemos de tudo e ela morreu", disse a avó da criança.
De acordo com a família, o primeiro atendimento ocorreu no mês passado no Hospital Municipal Juscelino Kubitschek, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, onde Heloísa foi diagnosticada com pneumonia e bronqueolite. O teste feito na unidade para covid- 19 deu negativo.
Após cinco dias internada, a menina foi transferida para o Hospital Fernandes Figueira, da Fiocruz, na zona sul do Rio, onde já realizava tratamento da doença pré-existente. A unidade é referência no atendimento de pessoas com doenças raras. No local, a bebê testou positivo para covid-19.
No dia 6, com um quadro de saúde um pouco melhor, Heloísa foi transferida para o Hospital Jesus, mas não resistiu e faleceu no último dia 11. No atestado de óbito, consta que a menina morreu em decorrência de "síndrome respiratória aguda grave, choque, pneumonia viral, infecção por coronavírus e contato com exposição à tuberculose".
A avó da criança explicou que o pai da menina, Diogo da Silva, teve tuberculose recentemente. No entanto, segundo ela, a neta não foi detectada com a doença. "Enfiaram isso [a tuberculose] no atestado de óbito, pois mencionamos o problema para a equipe de médica, mas ela não teve diagnóstico não".
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde informou que "por questões de sigilo médico, detalhes sobre o quadro clínico da pequena Heloiza só podem ser fornecidos aos familiares". Além disso, a pasta confirmou a morte por complicações em decorrência de covid-19 e outras doenças infecciosas pré-existentes, como relatou a família.
O IFF (Instituto Fernandes Figueira), hospital da Fiocruz, disse que também não pode fornecer informações sobre os pacientes. "Todas as informações de nossos usuários fazem parte do prontuários deles e são sigilosas e do interesse exclusivo da família."
A reportagem ainda não conseguiu contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Nilópolis, responsável pelo Hospital JK, onde a menina também ficou internada.
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