Justiça mantém prisão de empresário suspeito de integrar milícia do Rio

Sócio majoritário de uma empresa de telefonia registrada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o policial militar aposentado Marcos Antonio Cortinas Lopez foi preso em flagrante pelo crime de receptação qualificada. A Justiça do Rio converteu, ontem à tarde, a prisão em preventiva, por suspeita de ligação com a milícia do Rio.

Lopez foi detido na terça-feira (19) em uma operação organizada pela Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas), unidade especializada no combate a grupos paramilitares.

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Na sede da Vip Rio Telecomunicações Ltda, em Senador Camará, zona oeste do Rio, os agentes apreenderam R$ 500 mil em equipamentos de distribuição de serviços de telefonia desviados de empresas de grande porte do setor.

Com faturamento mensal avaliado em R$ 200 mil, a empresa fornece serviços de distribuição de sinal de internet, telefonia e TV a cabo para mais de 3 mil clientes na zona oeste do Rio, reduto da maior milícia do país.

Um levantamento feito pelo UOL, com base em dados abertos, mostra que Lopez consta como sócio da empresa desde julho de 2007. Ele também é sócio de outra empresa do mesmo ramo e de uma loja de roupas. Em seu nome, ainda constam cinco carros.

Na decisão, a Justiça do Rio disse que as investigações revelam fortes indícios de um possível envolvimento com a milícia de uma empresa que domina o "mercado negro" dos serviços de telecomunicações. Para justificar a prisão, a Justiça disse que a liberdade de Lopez pode gerar temor às testemunhas, por causa do seu possível envolvimento com a milícia.

Essa prisão representa uma nova forma de reprimir a atuação irregular de empresas que exploram esse segmento econômico. Não existe mais aquela gatonet improvisada com gambiarra. Agora, são empresas legalizadas, com logotipo e carro adesivado."
Gabriel Ferrando, delegado da Draco

Na empresa de Lopez, a Draco encontrou instrumentos de origem suspeita, procedência irregular e sem notas fiscais, desviados das maiores concessionárias de telefonia do país. Em alguns casos, os maquinários tiveram o nome da empresa proprietária suprimido.

"Existe um mercado negro de transação de peças de alta complexidade e custo. Essa distribuidora de internet é regularizada pela Anatel e instalou um maquinário de alta complexidade para distribuir sinal aos moradores de bairros dominados pela milícia", completou o delegado Gabriel Ferrando.

A Polícia Civil do Rio agora vai buscar indícios de lavagem de dinheiro nas operações com base na movimentação financeira da empresa.

O UOL não conseguiu localizar os advogados de Lopez para que se manifestassem sobre a decisão da Justiça. Se houver um posicionamento, será acrescentado neste texto.