Sem máscara, aglomeração e horário: o que bares descumpriram no Leblon
As imagens de ruas do Leblon lotadas na noite de ontem (2), quando bares e restaurantes foram autorizados a reabrir suas portas ao público após três meses de paralisação devido à pandemia do coronavírus, expõem uma série de irregularidades cometidas por donos dos estabelecimentos e consumidores. Os vídeos que circulam nas redes sociais foram gravados na rua Dias Ferreira, a principal de um complexo de bares e restaurantes conhecido como Baixo Leblon.
O desrespeito afetou, inclusive, os principais itens do decreto da Prefeitura do Rio que permitiu o retorno com restrições das atividades, segundo analisou o vereador Rafael Aloísio Freitas, que preside a Comissão de Comércio da Câmara dos Vereadores e a Frente Parlamentar em Defesa de Bares e Restaurantes do Rio, a pedido do UOL (confira das regras ao final da reportagem).
Entre as infrações, Freitas destaca a falta do uso de máscaras por consumidores, o fato de donos dos estabelecimentos terem servido pessoas em meio às aglomerações formadas nas calçadas e até mesmo o uso de mais de 50% da capacidades dos salões de alguns bares e restaurantes.
O decreto obriga o uso de máscaras de proteção por clientes e a mesma só pode ser retirada nos momentos de refeições. Não é o que se vê nas imagens. Deveriam ter parado de servir as pessoas nas calçadas a partir do momento em que constataram aglomeração. Quem continuou servindo, errou
Rafael Aloísio Freitas, da Frente Parlamentar em Defesa de Bares e Restaurantes do Rio
Apesar dos problemas verificados no Leblon, ele defendeu contudo que a maior parte dos estabelecimentos da cidade cumpriram as obrigatoriedades. "A grande maioria dos bares da cidade funcionou sem problemas, cumprindo as normas", disse Freitas.
A Guarda Municipal constatou outros problemas na noite de ontem no Leblon, como o uso de mais de 50% da capacidade dos salões de alguns bares e o funcionamento das atividades após as 23h.
Em vídeo que circula na internet, é possível ver que todas as mesas disponibilizadas por um dos bares estavam ocupadas e pareciam não respeitar a distância de 2 m estipulada pela prefeitura.
Após a repercussão negativa das imagens, a Prefeitura do Rio prometeu uma força-tarefa de fiscalização no bairro da zona sul carioca a partir da noite de hoje.
Alguns bares preferem seguir fechados
Após as críticas nas redes sociais, alguns donos de bares preferem seguir com as portas fechadas. É o caso do tradicional Bar do Bode Cheiroso, no Maracanã, na zona norte da capital fluminense. O local, ponto de encontro de amigos às sextas-feiras, seguirá funcionando apenas para entregas em domicílios.
"Pelo que temos visto mundo afora, todo lugar que afrouxou muito o isolamento acabou tendo que voltar atrás. E entendemos que não vale a pena fazer este movimento, nem do ponto de vista da saúde, nem do ponto de vista econômico. A gente iria aumentar os custos com as contas de consumo, insumos e pessoal, e não teria retorno com isso", disse Leonardo Ribeiro, dono do estabelecimento.
Dono de dois dos bares mais tradicionais da região central da cidade, Felipe Trotta diz que o momento é de pensar na coletividade.
"É um momento muito delicado para retornar. O número de mortes e contágio ainda não baixaram para dar alguma tranquilidade para a população voltar a ter um mínimo de segurança. Entendo que a população está estressada em casa e os donos de bares, que só veem suas dívidas aumentarem, não aguentam mais ficar fechados. Mas temos que ter calma e pensar no coletivo. Não podemos piorar a situação", defende trotta, que comanda o Baródromo, na Lapa, e o Cine Botequim, na Praça Mauá.
As regras
- Mesas devem ser organizadas com distanciamento de 2 m, de preferência, em espaços abertos;
- Em espaços internos, bares devem operar com 50% das suas capacidades;
- Fica vedado o sistema self-service;
- Ficam vedados shows e música ao vivo;
- O horário máximo para o funcionamento é até as 23h, tanto nas áreas internas como externas;
- O uso de máscara é obrigatório tanto para clientes como para funcionários;
- A máscara só pode ser retirada pelos clientes que estiverem já nas mesas, e exclusivamente nos momentos de refeição.
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