Com parque fechado, paulistanos lotam lago do Ibirapuera em dia ensolarado
Os portões fechados do parque Ibirapuera no final de semana não impediram que os paulistanos tomassem o gramado que circunda o chamado lago das Garças.
O lago artificial construído no início do século 20 para auxiliar no abastecimento de água da capital virou refúgio aos que deixaram suas casas hoje para aproveitar o domingo ensolarado. Dezenas de pessoas, em sua maioria respeitando o distanciamento social, se reuniram ali para fazer um piquenique ou tomar um banho de sol.
Primeira cidade a registrar infecção pelo novo coronavírus e a também a primeira morte por Covid-19, São Paulo já teve 8.770 óbitos até ontem. Desde o dia 24 de março, a cidade está enquadrada no regime de quarentena, com restrições de abertura. Com a flexibilização das regras, a capital paulista atualmente está na fase amarela (a terceira). Estão autorizados, com restrições, o comércio de rua e shoppings, bares e restaurantes, salões de beleza, academias, clubes sociais, parques, cinemas e atividades culturais em geral.
Ao longo da manhã, conforme relatos à reportagem, muitos foram ao parque esperando que ele estivesse aberto, já que, desde segunda-feira, o local voltou a funcionar nos dias úteis após quase quatro meses fechado. Outros já sabiam que o Ibirapuera não estaria funcionando, mas foram ao local para disputar um espaço em frente ao lago.
O analista de sistemas Rodolfo Sena da Silva foi um dos que buscou uma fresta de sol. Ele pedala semanalmente no parque e afirmou que, na última segunda, primeiro dia da reabertura, o local amanheceu muito cheio.
"Parecia final de semana", diz ele. Silva acredita que o parque deveria estar aberto e que isso poderia ajudar a evitar as concentrações na beira do lago. "As pessoas não aguentam mais ficar em casa."
"Poderia abrir, com fiscalização, com as pessoas respeitando as regras. Durante a semana, a fiscalização estava em cima. Eu abaixei um pouco a máscara por que estava ofegante depois de pedalar, e já fui orientado por um guarda para colocá-la de novo", afirma.
Flávio Policarpo, que o acompanhava, é mais incisivo. O gerente comercial considera "absurdo" que o parque esteja fechado no final de semana. "Em um dia desse as pessoas não vão ficar em casa, e acabam se aglomerando aqui. Melhor abrir o parque, respeitando as regras e as restrições, com limitação da capacidade, para poder escoar as pessoas que vem pra cá."
O domingo também ficou marcado pela reabertura das ciclofaixas de lazer; na avenida Paulista, o movimento foi relativamente tranquilo durante a manhã e o começo da tarde. A maioria dos ciclistas utilizava máscaras e alguns desrespeitaram a regra. A "distância segura" recomendada pela prefeitura também não foi respeitada em alguns momentos, como quando os sinais eram fechados.
"Dá pra por o pão e o leite na mesa"
Para tentar compensar as perdas com o Ibirapuera fechado, alguns comerciantes tentaram a sorte no gramado lotado. A vendedora Cris Bastos Alves deixa sua casa em Paraisópolis diariamente para vender milho e pipoca no Portão 9 do parque há pelo menos 15 anos. Depois da pandemia, "nem saiu de casa, porque não vale a pena".
Com a gasolina e outros gastos, diz ela, ele ficariam no prejuízo se tentassem vender seus produtos nos arredores do parque. Hoje, no entanto, ela vendia água e refrigerante em frente ao lago. "Bom não está, mas dá pra por o pão e o leite na mesa", afirma, sorridente.
"Se a gente traz muita coisa, arriscamos de perder tudo, porque ninguém está comprando. Quero poder voltar a vender a pipoca e o milho lá dentro, aí vai melhorar", diz a vendedora.
Desempregado após a fábrica de reciclagem em que trabalhava fechar, por conta da pandemia, Edvan Oliveira é voz dissonante. Ele vai todos os domingos ao parque, pedalando da Lapa de Baixo em direção ao Ibirapuera. "Acho que o parque deveria estar fechado por causa dessa pandemia, os números não baixam."
Companheiro nas pedaladas em direção ao parque, o auxiliar administrativo Jailson Tibúrcio de Lima, também da Lapa de Baixo, discorda do amigo. "Se respeitar, usar a máscara direitinho e não ficar todo mundo grudado, não tem problema."
Reabertura
O Ibirapuera é um dos 70 parques municipais que voltou funcionar no começo desta semana, após mais de três meses fechado por conta da pandemia do novo coronavírus. Parquinhos, quadras, campos e ginásios de prática esportiva coletiva estão vetados. A entrada está limitada a 40% da capacidade. Aos finais de semana suas entradas permanecem fechadas.
Máscaras são obrigatórias a todos, e a prefeitura vem orientando para que alimentos, garrafas d'água e congêneres não sejam compartilhados.
Os parques funcionam das 10h as 16h, à exceção do Ibirapuera e do Parque do Carmo, na zona leste, que funcionam das 6h às 16h. As academias também voltaram ao funcionamento, podendo operaram por seis horas consecutivas.
Bebedouros e chuveiros foram proibidos por conta do risco de contaminação.
Na última segunda também reabriram 10 dos 17 parques estaduais: Água Branca, Villa-Lobos, Cândido Portinari, Parque Ecológico do Tietê, Jardim Botânico, Zoológico, Zoo Safári, Cantareira e Jaraguá, sendo os dois últimos, mediante agendamento.
Mais parques reabrem amanhã
Outros seis parques estaduais em São Paulo serão reabertos amanhã. A reabertura, informou a secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, seguirá as mesmas medidas adotadas pelos outros locais reabertos na última semana, com restrições por causa da pandemia do novo coronavírus, como restrição e portões e horário de funcionamento.
Os parques da Juventude, Horto Florestal, Jequitibá, Jacuí, Biacica e Jardim Helena funcionarão de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h. Espaços fechados como bibliotecas, salas de atividades, museus e orquidários permanecerão com restrição.
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