Família de adolescente pede prisão de policial suspeito de matar o jovem
Policiais de Montes Claros, cidade a 424 km de Belo Horizonte, estão em busca de novas imagens de câmeras de segurança, seguem colhendo depoimentos e aguardam laudos periciais para concluir a investigação da morte de um adolescente de 16 anos, assassinado com um tiro disparado por um policial penal, no último dia 19.
O delegado responsável pelo caso afirma se tratar de um homicídio, mas ainda não pode atestar qual a motivação.
A família de Josué Nogueira diz que ele foi assassinado à queima-roupa e pede a prisão do servidor público, já que ele responde em liberdade. A defesa de Valdeir Alves Teixeira afirma que, por enquanto, é "prematura a tentativa de esclarecer" o que aconteceu.
Na noite do último domingo, o adolescente estava em um aniversário com amigos, em uma casa perto de onde ele morava. De acordo com a polícia, o suspeito contou, em depoimento, que alguns adolescentes desse grupo arremessaram pedras em seu telhado por quatro vezes.
Ao sair da residência para verificar o que estava acontecendo, ele teria sido atacado por duas pessoas e, por esse motivo, atirou, acertando o adolescente na nuca, em um disparo fatal. "Na versão dele (do suspeito), temendo pela própria vida e de seus familiares, ele teria efetuado um disparo em direção às pessoas, e que veio a atingir o Josué, que estava correndo, fugindo daquela situação, já próximo à esquina", afirmou o delegado Bruno Rezende.
Apesar de o disparo ter atingido e matado o adolescente, o atirador não afirmou em depoimento que Josué foi um dos que teriam partido para cima dele.
Segundo o delegado, o suspeito admitiu estar portando uma pistola de calibre ponto 40, de propriedade do estado, quando saiu de casa. No telhado da residência foram encontradas pedras, mas não se sabe se elas foram lançadas pelos adolescentes.
Levado para a delegacia e autuado em flagrante por homicídio no plantão, Valdeir responde em liberdade. Em depoimento, alegou legítima defesa.
"O homicídio está caracterizado pelas circunstâncias do fato, pelas pessoas já ouvidas. Mas as questões jurídicas, se foi legítima defesa ou não, só no final das investigações", diz Rezende.
Até o momento, 10 pessoas prestaram depoimento e câmeras de segurança estão sendo analisadas, mas a polícia não fornece as imagens.
Familiares e amigos de Josué compartilharam em redes sociais uma gravação em que o dia e horário batem com as informações policiais. A filmagem mostra um homem andando de um lado para outro na rua. Em um dado momento, porém, o vídeo sofre um corte, já que o tempo da gravação é adiantado em mais de um minuto. Nesse ponto, na imagem seguinte, aparece um corpo estendido em uma esquina que, segundo parentes, é o do Josué. A Polícia Civil, porém, não confirma a veracidade da gravação.
Mãe diz que filho foi assassinado à queima-roupa
O pai e a mãe de Josué conversaram com o UOL por telefone. Segundo ela, várias pessoas disseram ter visto o suspeito bebendo o dia todo.
Durante a noite, inconformado com o barulho, ele teria atirado uma vez contra a casa onde o adolescente estava com os amigos. Em seguida, Valdeir teria ficado escondido em um trecho da rua para surpreender os adolescentes. Quando eles saíram e o viram, começaram a correr.
O garoto de 16 anos, porém, voltou para pegar o calçado que teria saído do pé, momento em que foi atingido pelo tiro, diz o pai.
"No que meu filho foi calçar a sandália, ele atirou. Eu espero que eles venham recolher (prender) ele de novo", afirmou o pedreiro Antônio Nogueira.
"Ele é um bandido como outro qualquer. Ele matou meu filho à queima-roupa, sabendo que queria matar", disse a mãe, a funcionária pública Ronilda Teixeira Nunes Nogueira.
Defesa afirma ser cedo para concluir o que houve
A defesa de Valdeir Alves Teixeira enviou nota em que afirma ser "por demais prematura a tentativa de esclarecer quaisquer fatos que envolvem o fatídico acontecimento que vitimou o menor Josué Nogueira". De acordo com o comunicado assinado pelo advogado Warlem Freire Barbosa, "qualquer informação relativa aos fatos seria temerária e irresponsável".
A nota também informa que o investigado "encontra-se extremamente abalado com os fatos, pois jamais teve a intenção de ceifar a vida de ninguém".
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e o Departamento Penitenciário de Minas Gerais informaram que "caso comprovado em investigação competente já instaurada pela Polícia Civil de Minas Gerais, repudiam veementemente o possível comportamento inadequado com uso de arma de fogo por um policial penal, envolvido nessa ocorrência".
A nota afirma que "o servidor estava fora do horário de serviço e fez uso inapropriado do seu instrumento de trabalho, cuja utilização se restringe à defesa pessoal, atrelada ao seu exercício funcional de custódia e ressocialização de detentos".
"Por fim, a pasta destaca que classifica a atitude do policial penal em questão como um ato isolado, que não representa o comportamento dos mais de 17 mil servidores do sistema prisional, responsáveis pela custódia de cerca de 60 mil presos, em todo território mineiro", conclui o comunicado.
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