Corpo de jovem de 18 anos desaparecida há 2 meses é achado no RS

O corpo de uma jovem desaparecida há dois meses foi localizado na noite de ontem em Soledade (RS), a 216 km de Porto Alegre. Paula Perin Portes, 18, sumiu no dia 10 de junho após se encontrar com um homem. O corpo foi encontrado em um local de difícil acesso e estava enterrado, com pedras em cima.

A delegada Fabiana Bittencourt, responsável pela investigação, acredita que o cadáver foi movimentado pelos investigados em pelo menos dois locais, quando as buscas se intensificaram.

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Para a polícia, a morte da jovem é considerada uma "queima de arquivo". "A Paula sabia de alguma coisa que pudesse incriminar os investigados, mas não conseguimos esclarecer o que era. Provavelmente, algum crime que teriam cometido", disse a delegada.

Quatro homens teriam participado do crime - três estão presos e um segue foragido. O grupo pertence a uma facção criminosa ligada ao tráfico de drogas. Os nomes não foram divulgados pela polícia.

Segundo a delegada, a jovem foi asfixiada com um "mata-leão", que teria sido provocado pelo homem que está foragido.

"Em nenhum momento, os investigados auxiliaram a polícia para a obtenção de qualquer prova. Não tivemos colaboração de suspeitos. Apesar de vasto conjunto probatório, eles não assumem que participaram do crime, do cometimento do crime. As provas obtidas foram por meio de investigação", disse a delegada em entrevista coletiva.

Crime premeditado

O inquérito ainda não foi concluído, mas a delegada já adiantou que deve indiciar os quatro homens por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A polícia estuda incriminá-los também por organização criminosa.

"Foi um crime planejado, arquitetado, premeditado, mas é claro que não foi organizado, eles deixaram várias falhas", afirmou Bittencourt.

A polícia descarta ter ocorrido crime sexual, entretanto, o corpo deve ser periciado, o que vai indicar se houve estupro. Apesar do tempo, o cadáver estava bastante preservado e, por isso, a delegada foi questionada na coletiva se havia a possibilidade de a jovem ter sido mantida em cativeiro durante esse tempo. Ela, porém, descartou.

"Já temos provas que a Paula foi morta no dia anterior ao registro do desaparecimento. A questão da decomposição depende da individualidade do local, cada circunstância é uma. Foi muito bom que o corpo estivesse conservado, agora dá para fazer diversas perícias", disse a delegada.

Além da perícia, outro teste vai verificar se a jovem ingeriu ou consumiu alguma substância.

"Muito triste, muito dolorido", diz mãe da vítima

A mãe da jovem, Marizete Perin, 49, só soube que o corpo da filha foi encontrado no começo da manhã de hoje. O marido dela foi informado pela polícia ainda na madrugada, mas não quis acordar a companheira, que há dois meses dorme à base de remédios.

"Há 64 dias eu só choro, estou vivendo debaixo de remédio", contou Marizete entre lágrimas em entrevista ao UOL. "Tudo isso é muito triste, muito dolorido. Ela era tudo para mim, era minha amiga, companheira. Jamais iria pensar que acabasse desse jeito. Ela não fumava, não bebia, era amada por todo mundo. Foi uma brutalidade muito grande."

Marizete não sabe o que pode ter motivado o assassinato. Entretanto, ela suspeita que tenha algum relação com uma amiga de Paula. "Ela era separada de um traficante. Pode ter sido por ciúme, por ela andar junto."