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Empresa estima prejuízo de R$ 10 mi com tornados: "destruição de um sonho"

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

17/08/2020 20h37

O início da semana foi o momento para contabilizar os estragos causados pelos tornados que atingiram Santa Catarina na última sexta-feira (14). Em Tangará, uma das cidades mais atingidas pelo fenômeno, uma empresa teve 90% da estrutura danificada e ainda estava sem luz até a tarde de hoje. Telhados foram levados pelo vento e parte da cobertura da empresa, que ocupa um terreno de 22 mil metros quadrados, desabou.

"A gente estima um prejuízo de R$ 10 milhões. Praticamente 70% do estoque foi perdido", analisou o vice-presidente da Valpasa, Cezar Comachio, filho dos proprietários. A indústria fabrica papel reciclado, chapas de papelão e folhas de micro ondulados, além de embalagens.

Cerca de 350 funcionários estavam trabalhando no momento do tornado. Comachio participava de uma reunião sobre novos investimentos quando percebeu a chuva com vento, que foi se intensificando. Ao fechar a janela, assustou-se com o que viu do lado de fora.

"Eu vi árvores voando e logo em seguida o escritório começou a tremer. Todo mundo saiu correndo", conta. Ao chegar na recepção, até mesmo o jardim tinha sido arrancado pelo vento.

Apesar dos estragos, apenas quatro pessoas da empresa tiveram ferimentos leves ao serem atingidas por objetos que saíram do lugar.

O vice-presidente trabalha na fábrica há 15 anos e, quando criança, chegou a participar da inauguração. Ao ver a indústria praticamente destruída, um sentimento de desolação tomou conta dele.

"Foi a destruição de um sonho, de 22 anos. De uma hora para outra destruiu tudo. Foi como levar uma facada no peito", conta Comachio, que observa que os pais estão bastante abalados com a situação e tiveram que ser medicados.

No final de semana, funcionários foram até a empresa e fizeram um mutirão para ajudar. Hoje, cinco empresas trabalhavam nos reparos dos pavilhões. A previsão é que a fábrica volte a operar em 15 dias, de forma parcial. Amanhã, com o retorno da energia elétrica, a direção deve avaliar os danos às máquinas. Segundo Comachio, apenas os aparelhos tinham seguro.

"Devido ao ramo de atuação, não tínhamos seguro na parte estrutural. Poucas seguradoras fazem seguro, e quando fazem o valor é muito alto, fora da curva, devido ao risco ser alto", observa.

O tornado que atingiu Tangará afetou o funcionamento de outras duas grandes empresas além da Valpasa. Segundo o prefeito Nadir Baú da Silva, entre 1.500 a 2.000 pessoas estão sem poder trabalhar nesses locais.

"Em outra empresa, entre 65% a 70% da área foi atingida", detalhou ao UOL.

A cidade tem 8.600 habitantes e essas empresas concentram a maior parte dos empregos do município. Segundo o prefeito, as empresas receberam a visita de técnicos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para entender as necessidades dos empresários e oferecer linhas de crédito para os reparos.

No município, além dessas indústrias, 300 residências foram destelhadas e 30 casas foram totalmente destruídas. Cálculos da prefeitura apontam a existência de 500 pessoas desabrigadas, que foram acomodadas em abrigos públicos, e outras 60 pessoas desalojadas, que estão na casa de parentes e amigos.

Os tornados e as tempestades que atingiram o Estado deixaram 16 pessoas e ainda provocaram a morte de um jovem de 22 anos, que estava pescando em Penha, litoral de SC. Conforme o último boletim da Defesa Civil, das 11h de hoje, 31 municípios foram afetados pela tempestade e 5 mil residências foram danificadas. Além disso, 1.498 pessoas estão fora de casa - entre desabrigados e desalojados.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado no décimo parágrafo, entre 1.500 e 2.000 pessoas estão sem poder trabalhar, e não entre 1.500 a 2.000 empresas. A informação foi corrigida.