Operação mira milícia do RJ envolvida em 20 mortes por disputa de mototáxi
O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e a Polícia Civil realizam hoje um conjunto de ações contra uma milícia que atua na Baixada Fluminense. Segundo o delegado responsável pela operação, os policiais envolvidos com os crimes foram responsáveis por cerca de 20 mortes na região em uma disputa pelo controle do transporte de mototáxi.
A Operação Consagrado cumpre 32 mandados de prisão e 71 de busca e apreensão e tem como foco a atuação da milícia no distrito de Austin, na cidade de Nova Iguaçu. Os mandados são cumpridos pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do MP-RJ, com apoio da Polícia Civil.
"O objetivo dela (milícia) era tomar para si todos os pontos. Muitas mortes nesse período de um ano foram ocasionadas por essa disputa", disse o delegado Moyses Santana em entrevista à TV Globo. "Cerca de 20 mortes em um ano, a grande maioria delas ligadas à disputa por mototáxi", completou o chefe da operação.
De acordo com a investigação do MP-RJ, a milícia praticava, além de homicídios, crimes como roubos, extorsões e estelionatos. O objetivo era o domínio do território, principalmente pela exigência do pagamento de uma "taxa de segurança" por parte dos moradores e comerciantes. Já os mototaxistas pagavam quantias para poderem circular livremente.
Além de monopolizar serviços comuns a milícias cariocas, como o fornecimento de água e ligações clandestinas de TV a cabo e internet, a investigação também apontou um elo da organização criminosa com uma facção do tráfico de drogas.
Líderes da milícia
Segundo o MP-RJ, as investigações começaram em agosto de 2019, quando foi cometido um duplo homicídio em Austin. Os líderes apontados pelo órgão estadual na denúncia são Vladimir Guimarães Ferreira, o ex-policial militar Luiz Fernando Cardoso de Loiola, vulgo Nandinho, e Luiz Carlos Pereira dos Santos Cruz, o Nem Corolla.
"Um deles já estava preso, saiu há pouco tempo, já era o líder dessa organização enquanto estava encarcerado e quando foi posto em liberdade agora durante a pandemia voltou às atividades e hoje também é alvo de mandado de prisão", explicou o delegado Moyses Santana.
O MP-RJ ainda aponta que os milicianos pagavam propinas a policiais militares do DPO (Destacamento de Policiamento Ostensivo) de Austin. Entre os que recebiam os pagamentos, estão os denunciados Julio Cesar de Oliveira Silva e Eduardo Oliveira dos Santos, o Dudu, que responderão por organização criminosa e corrupção passiva.
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