Em feriado na pandemia, mulher de 46 anos vai à praia pela primeira vez
O céu ainda estava encoberto quando Elizabeth do Espírito Santo, de 46 anos, pisou na areia da praia de Pitangueiras, em Guarujá, litoral de São Paulo, às 9h de hoje. O feriado prolongado em meio à pandemia ficará marcado para sempre na sua memória como a primeira vez em que ela foi a uma praia na vida.
Nascida e criada em Trindade, interior de Goiás, ela diz que ver a imensidão da água era um sonho alimentado desde a infância. Mas a viagem, feita ao lado do marido, Sidnei Alves de Freitas, precisou ser remarcada algumas vezes por causa do novo coronavírus. No primeiro dia do feriado prolongado, houve movimentação intensa e irregularidades nas praias do litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro.
É a coisa mais linda que eu já vi. Mas bate uma tristeza saber que muita gente não sabe aproveitar. Chegamos agora de manhã, tomando o cuidado de estar com máscara e vir cedinho, só para admirar mesmo. Mas já ouvi dizer que a praia lota, com muita gente irresponsável
Elizabeth do Espírito Santo, aposentada
O marido também reprova as aglomerações. "Se todo mundo fizesse tudo certinho, a gente já teria até saído da pandemia", diz.
O casal parecia destoar dos demais turistas e moradores, que não seguiam as orientações de isolamento social. Um cenário com cadeiras de praia, guarda-sóis, cangas com familiares inteiras portando coolers e aparelhos de som preocupou o ambulante Djalma Silirio, 40. "Estou tomando todos os cuidados e espero que a população também se cuide."
O governo estadual de São Paulo mobilizou 20 mil policiais para coibir abusos nas praias do litoral e auxiliar no patrulhamento de estradas.
Turistas desconhecem proibições em praias do Rio
Nas praias da zona sul do Rio, turistas desconheciam as proibições impostas pela prefeitura da capital fluminense.
Tá proibido aqui na areia? Você veio para nos chamar a atenção? Estamos vindo cedo. Quando lotar, vamos embora
Aposentada Vânia Cunha, 70, sentada em uma cadeira na praia do Leblon
Ela faz parte de uma família que veio de Belo Horizonte (MG) para curtir o feriado prolongado nas praias cariocas. "Tá todo mundo com máscara aqui. A gente veio para que as crianças pudessem jogar bola e dar um mergulho", completou a dona de casa Letícia Moreira, 40.
Na praia de Ipanema, dois paulistanos que viajaram para o Rio no feriado prolongado desconheciam as proibições e curtiam a praia bebendo cerveja na areia. "Não pode? E quem fiscaliza isso?", questionou o gestor Rodrigo Tadeu de Oliveira, 37.
É uma regra que só funciona na teoria porque todo mundo está vendendo. Se houvesse realmente uma fiscalização, os turistas deixariam de vir para o Rio
Everton Andrade, modelo
Cariocas curtem sol, mas evitam aglomeração
Grávida de um casal de gêmeos e com 31 semanas de gestação, a economista Maíra Rodrigues, 35, aproveitava o fim de manhã de hoje para pegar um sol na praia do Leblon acompanhada do marido e de uma amiga, depois de um longo período de isolamento social.
Eu não saía de casa. Até para proteger a minha avó, que é idosa. Então adoto todos os cuidados para não ser contaminada. Há dois meses, a médica me liberou para que eu desse caminhadas no calçadão. Mas sempre com a máscara. Evito ficar na praia quando lota. Proibir que as pessoas sentem na areia é um excesso. Mas deveria ter fiscalização para evitar aglomerações
Maíra Rodrigues, economista
O isolamento fez com que ela evitasse até mesmo manter contato com as pessoas mais próximas. Só tomou coragem para dar um mergulho há apenas uma semana.
"Foi reenergizante. Foi uma sensação de liberdade. Mas senti uma certa apreensão só por ter tirado a máscara durante o trajeto entre a areia e o mar, quando precisei caminhar no meio de outras pessoas."
Hoje de manhã, ela voltou a se encontrar com a amiga, a empresária Vanessa Farah, 34, a quem não via desde que começou a pandemia. Mas admite que ainda se sente apreensiva pela falta de controle de medidas de isolamento. "Me parece que existe nas pessoas uma certeza da falta da presença do estado", diz.
O engenheiro Rômulo Ladeira, 40, aproveitou o sol da manhã de hoje para levar o filho de 2 anos para uma pracinha improvisada na praia do Leblon. "Foram quatro meses sem sair de casa. Foi bem difícil para ele, principalmente pela ausência da creche. Aqui, ele se diverte um pouco, porque tem outras crianças por perto."
O que pode e o que é proibido nas praias do Rio
Nas praias do Rio de Janeiro, somente é permitida a venda de alimentos industrializados. Estão proibidas a comercialização de bebidas alcoólicas manipuladas ou industrializadas e o aluguel de cadeiras e guarda-sóis.
Também segue proibida a permanência de banhistas na faixa de areia, permitido somente o banho de mar e práticas esportivas individuais no mar. A altinha, jogo de futebol em que a bola não pode tocar no chão, continua vetada.
De acordo com as fases 6A e 6B do plano de retomada das atividades econômicas, é permitida a venda de ambulantes de praia com ponto fixo ou itinerantes, das 7h às 18h.
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