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Mãe denuncia PMs por tortura e agressão após militares invadirem casa na BA

Juliana Almirante

Colaboração para o UOL, de Salvador

08/09/2020 21h13Atualizada em 09/09/2020 09h28

A trabalhadora doméstica Jucide Silva Oliveira denunciou policiais militares por tortura e agressão contra os filhos. O episódio teria acontecido após os oficiais invadirem a casa da família na cidade de Capim Grosso, norte da Bahia. O caso ganhou repercussão após vídeo circular na internet.

A Polícia Militar da Bahia informou, em nota, que instaurou uma sindicância para apurar a conduta dos policiais militares que atuaram na situação.

Ao UOL, Jucide contou que os policiais entraram em sua casa em busca do irmão de um homem chamado Marcelo. Já que a família não conhecia o indivíduo, policiais fizeram uma busca no imóvel. Segundo Jucide, os PMs não apresentaram nenhum mandado de busca e também não encontraram nada na residência.

"O meu filho de 21 anos, Jeanderson, tinha quebrado a perna há dois meses. Ele foi torturado na minha frente com uma mangueira. Pedi que parasse, porque ele estava com a saúde frágil. Ele soltou meu filho e botou a mangueira na cabeça do outro. Aí esse outro filho, de 26 anos, Gedson, eu vi desmaiando", diz.

Segundo a trabalhadora, Gedson também teve o cabelo e um chinelo cortado pelos policiais após acordar do desmaio. Os oficiais utilizaram uma faca e uma tesoura encontrada na própria residência. "As armas de tortura eles acharam aqui em casa", conta Jucide. Ela afirma ainda que os policiais também ameaçaram quebrar a perna do filho mais novo, além de agredirem o ex-companheiro dela e o pai dos rapazes.

Jucide conta que os policiais ameaçaram agredi-la com a mangueira se os filhos não revelassem o paradeiro do homem que buscavam. Após as agressões, os policiais ainda tiraram uma fotografia da família, mesmo sem autorização.

"Acho que por morarmos em um bairro pobre e sermos uma família de negros, acontece muito. Foi muita agressão e tortura. Não aguento ver um policial na minha frente que a cabeça dói", conta Jucide sobre o episódio. "A gente continua com medo. Estou em busca de justiça pelo que passei. É para eu me sentir segura dentro da minha residência. É traumatizante. Só sabe quem passou e viveu", diz.

Em comunicado enviado ao UOL, a Polícia Militar da Bahia disse que "a corporação não coaduna com comportamentos que fujam à técnica policial e reforça que todas as denúncias são devidamente apuradas". Questionada pela reportagem, a PM-BA não informou se os PMs já foram identificados ou se foram afastados do cargo até o fim das investigações.