Passageira angaria mais de R$ 100 mil para taxista que vivia em carro em SP
O carro modelo Logan é muito mais que um meio de trabalho para o taxista Jaime Gomes de Oliveira, 59. Cinco meses atrás, o veículo também foi transformado na casa do motorista em São Paulo.
Com o início da pandemia, em março, o taxista viu as corridas diminuírem bruscamente. O profissional também precisou enfrentar a morte da mãe e a venda do imóvel onde a família morava. Sem poder pagar aluguel ou um hotel para pernoitar, a alternativa encontrada por Jaime foi passar as noites no automóvel.
"Teve dias de eu não ter nenhuma corrida para fazer. Com o fechamento de tudo devido à pandemia ficou muito complicado me sustentar. Além disso, o meu carro é alugado e eu pago R$ 65 pela diária, então ou eu pagava um lugar para ficar ou o meu carro para trabalhar", explica.
O taxista precisou se adaptar para conseguir viver em um espaço tão pequeno. Uma mala de roupas passou a ser carregada no porta-malas do veículo. Nos primeiros meses, Jaime ia até a casa de uma conhecida para tomar banho e lavar as roupas, mas a situação financeira só piorava e muitos dias ele não tinha dinheiro para o combustível.
"Eu fiz amizade com o pessoal de um posto de combustíveis e contei a minha situação. Eles deixaram que eu estacionasse o carro no pátio e passasse a noite por lá", conta o taxista. No endereço, Jaime também passou a tomar banho e lavar suas roupas.
A falta de passageiros fez com que o motorista também tivesse dificuldade para comprar comida. Muitos dias, ele lembra que fez apenas uma refeição: "Sem passageiros, não tinha como ganhar meu dinheiro. O que eu ganhava ia para o aluguel do carro e o combustível. Teve dias que passei com uma única refeição. O pessoal do posto me ajudava muito, me ofereciam café e lanche, para que eu não ficasse sem comer", lembra.
Passageira cria rede de solidariedade
Foi durante uma corrida que a bióloga Mariana Monteiro Carvalho, 26, ficou sabendo das dificuldades que o taxista enfrentava. No dia 22 de agosto, Mariana seguia para a casa do namorado no táxi do Jaime quando uma pergunta feita pelo motorista lhe chamou a atenção.
"Naquele dia estava muito frio e por isso os vidros do carro estavam fechados. O Jaime me perguntou se eu estava sentindo algum cheiro estranho no carro e perguntou se eu queria que ele abrisse os vidros. Achei estranha a pergunta e questionei. Ele me contou que estava vivendo no carro", explica.
Comovida com a situação, Mariana deu início a uma rede de solidariedade. Inicialmente a ideia era repassar o contato telefônico do motorista em grupos de moradores do bairro para que eles pudessem solicitar o serviço do taxista e, assim, ajudá-lo a aumentar a renda.
Ao perceber que as dificuldades de Jaime iam além de um lugar para morar, Mariana acionou a sua rede de amigos, arrecadando dinheiro para o motorista ao compartilhar sua história.
"Com a autorização do Jaime, eu comecei a divulgar nas minhas redes sociais a história dele, compartilhando a conta bancária para que as pessoas pudessem ajudá-lo. Muita gente começou a se comover com a situação. Em seguida, surgiu a ideia de fazer uma vaquinha online para que mais pessoas pudessem ajudar", acrescenta Mariana.
A vaquinha foi criada há cinco dias e já bateu a meta: arrecadar R$ 65 mil para o taxista. Até o fechamento dessa reportagem, R$ 102 mil haviam sido arrecadados. Com o valor alcançado, a vaquinha será encerrada. "Agora vou conseguir comprar meu carro e não vou mais precisar pagar aluguel do veículo para trabalhar. Também quero dar entrada em uma casa para eu morar", sonha Jaime.
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