Criciúma (SC) tem madrugada de violência com assalto a banco
O assalto a duas agências do Banco do Brasil no centro de Criciúma (SC) provocou terror na cidade na madrugada desta terça-feira. Além de rajadas de tiros, os criminosos fizeram barricadas com carros, espalharam explosivos e usaram reféns como escudo para evitar a aproximação de policiais. Segundo a polícia, os reféns foram soltos. Os bandidos fugiram e ninguém foi preso até o momento.
Os bandidos também incendiaram o 9º batalhão da PM (Polícia Militar) e o túnel que liga a cidade à vizinha Tubarão. Ao menos duas pessoas ficaram feridas na ação: um policial, que segundo a Polícia Militar foi levado para um hospital e está em estado grave, e um vigilante, ferido sem maior gravidade.
Nas palavras do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB-SC), a cidade viveu uma "noite de terror". No Twitter, o governador Carlos Moisés (PSL) afirmou que está se dirigindo para a cidade.
Criciúma viveu uma noite atípica, uma noite diferente, uma noite de terror para os padrões da nossa cidade. Realmente algo muito surreal, diferente de tudo que estamos acostumados a viver. O criciumense passou quase que toda uma noite acordado
Clésio Salvaro (PSDB), prefeito de Criciúma, à CNN Brasil
30 a 50 bandidos, 10 a 12 veículos de fuga
A ação começou por volta da meia-noite e terminou às 3h da madrugada. A polícia informou que ao menos 30 bandidos participaram da ação, mas de acordo com o prefeito Clésio Salvaro (PSDB), esse número pode chegar a 50. Dez a 12 veículos foram usados na fuga e abandonados mais tarde na cidade de Nova Veneza (SC), a cerca de 18 km de Criciúma, em uma plantação de milho.
"Foi uma ação extremamente violenta. Por volta de meia-noite, 30 criminosos fizeram um assalto com explosivos, confrontando policiais em diversos pontos, atingindo diversos imóveis", afirmou Anselmo Cruz, delegado titular da delegacia antirroubos e antissequestro da Polícia Civil de SC.
"A mobilização das polícias permanece no sentido de localizar os autores. O trabalho da Polícia Civil é de investigação até chegar à autoria dos criminosos que realizaram ação", disse ele à GloboNews.
Segundo a polícia, a soma total do roubo ainda não foi mensurada pelo Banco do Brasil. "Acreditamos que o valor levado é bastante grande. Pelos vídeos postados nas redes sociais, vimos que havia grande quantidade de dinheiro em uma caminhonete", afirmou Vitor Bianco Junior, da delegacia regional de Criciúma, à GloboNews.
Bandidos não são de SC, diz polícia
Segundo Anselmo Cruz, a polícia acredita que os bandidos não sejam da própria cidade. "Pelas condições, sabemos que não são criminosos de SC, talvez do Sudeste ou centro-oeste do país. Foi uma ação inédita no estado."
Ulisses Gabriel, delegado da Civil responsável pelo caso, afirmou que o objetivo dos bandidos era chegar à tesouraria da agência bancária e que 30 kg de explosivos foram encontrados no local. Vídeos de moradores mostraram outros artefatos espalhados pela cidade. À GloboNews, ele afirmou que a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia do Rio Grande do Sul estão ajudando na busca pelos criminosos.
A polícia descarta, por ora, uma possível fuga dos bandidos por avião. Segundo o delegado Vitor Bianco Junior, as placas dos veículos usados pelos bandidos em Criciúma são de São Paulo, e os carros são de modelos caros ou luxuosos, como Audi, BMW e Mitsubishi.
"Acreditamos que tenham vindo para a região há algum tempo para planejar a ação", disse ele. "Não dá para dizer qual facção estaria envolvida. É um tipo de ação a qual nossa região não está habituada."
Dinheiro espalhado pelas ruas
Na fuga, os criminosos espalharam um malote de dinheiro pelas ruas. Vídeos mostram moradores recolhendo as notas. Em entrevista à Globonews, o delegado Ulisses Gabriel afirmou que quatro pessoas foram detidas em flagrante por furtarem o dinheiro abandonado pela quadrilha nas ruas.
De acordo com o delegado, foram encontrados cerca de R$ 810 mil na casa desses suspeitos, embora não necessariamente esse valor seja todo do furto nas ruas. "Essas pessoas detidas se aproveitaram do momento, não são da quadrilha [que praticou o assalto]", disse ele. Em um primeiro momento, os suspeitos negaram que o dinheiro tivesse sido roubado do malote espalhado pelos bandidos.
Prefeito pede para pessoas ficarem em casa
Em entrevista à GloboNews, o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, informou que os criminosos deixaram a cidade em direção ao sul do estado. "Em Santa Catarina, em especial aqui em Criciúma, nunca vivemos algo parecido. É uma experiência que não sairá da cabeça dos moradores, infelizmente de uma forma muito negativa", disse.
O prefeito informou ainda que entre os reféns, todos já liberados, estavam seis profissionais da prefeitura que pintavam sinalizações de trânsito na hora da ação e que tinham sido usados como escudo humano pelos bandidos.
"Foi um ataque muito bem planejado. Agora, é hora de deixar polícia fazer seu trabalho para prender essa quadrilha", disse Salvaro.
"Vidas foram protegidas"
Clésio Salvaro afirmou que nenhuma ação dessa proporção era prevista pela prefeitura. Ele disse ainda que não houve omissão da polícia.
"Tínhamos a noite de ontem como muito normal, não tinha qualquer tipo de preocupação", afirmou o prefeito à CNN.
"O que aconteceu na cidade de Criciúma não é normal, a gente ficou muito preocupado, preocupado com a vida das pessoas. As vidas foram salvas, protegidas, agora o que a polícia tem que fazer é colocar toda sua inteligência em busca de capturar esses marginais que trouxeram o terror e nossa cidade. Certamente, pelo know-how que eles têm, vão chegar a outras cidades também pelo interior do país", afirmou Salvaro.
Em vídeo divulgado nesta manhã, ele pediu que os moradores retomem suas atividades após a noite de pavor e que a polícia já está coordenando as investigações.
Banco do Brasil não informa quantia levada
Em nota, o Banco do Brasil não informou a quantia levada pelos criminosos e disse que colabora com as autoridades para solucionar o caso.
"O BB aguarda a conclusão dos trabalhos de varredura da polícia técnica e a liberação do acesso ao local para que uma equipe de engenharia avalie eventuais danos à estrutura do prédio e iniciar os serviços de limpeza", acrescentou.
A instituição informou ainda que trabalha para normalização do atendimento, mas não há previsão para a reabertura da unidade atingida.
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