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Apagão no AP: Relatório aponta falta de sistema preventivo em subestação

06.nov.2020 - Protesto de moradores de Macapá durante apagão  - GABRIEL PENHA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
06.nov.2020 - Protesto de moradores de Macapá durante apagão Imagem: GABRIEL PENHA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL, em Macapá

07/12/2020 20h21

O ONS (Operador Nacional do Sistema) divulgou hoje o RAP (Relatório de Análise de Perturbação) sobre o incêndio que ocorreu no dia 3 de novembro, na subestação Macapá, deixando 13 municípios do Amapá sem fornecimento de energia elétrica por cerca de 22 dias. As principais conclusões apontam que o fogo teve origem em um curto-circuito do primeiro transformador. Além disso, segundo análise do Corpo de Bombeiros Militar, o local não possuía um sistema preventivo contra incêndios.

Segundo o documento, o curto-circuito pode ter sido consequência de falha interna do equipamento ou coordenação de isolamento inadequado na subestação. As causas deverão ser investigadas no RAF (Relatório de Análise de Falha) que será elaborado e apresentado pela LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia) ao ONS.

"A perturbação teve início com o desligamento automático do transformador TR1 230/69/13,8 kV da SE Macapá, devido a um curto-circuito interno. Houve incêndio no referido transformador, resultando na sua perda total. Na sequência, ocorreu o desligamento automático", diz o relatório.

O documento também traz o parecer dos Bombeiros apontando que a situação foi agravada porque o local não possuía um sistema preventivo contra incêndios.

"Durante as conversações e coletas de dados para o preenchimento do relatório de ocorrência, questionamos sobre os sistemas preventivos daquela planta, bem como do plano de ação em caso de sinistro. Obtivemos a resposta que não possuíam. De fato, não conseguimos identificar sistemas preventivos no entorno da região sinistrada, salvo uma parede que separava o transformador sinistrado dos demais e o deck que o cercava", afirma o parecer.

O relatório também confirma que o apagão foi motivado pela indisponibilidade do segundo transformador e a perda dos outros dois equipamentos em um mesmo evento. De acordo com a ONS, para evitar que situações do tipo se repitam estão sendo avaliadas a adoção de critérios para Macapá e outras regiões distantes, onde há a dificuldade de adoção de medidas emergenciais.

Procurada pelo UOL, a LMTE afirmou, por meio de nota, que a subestação de Macapá opera com todas as medidas de prevenção e combate a incêndio seguindo as normas aplicáveis, tais como extintores, paredes corta-fogo e distanciamento entre equipamentos.

"Todos funcionaram adequadamente na noite do acidente, tanto que somente o transformador TR1 sofreu incêndio e de forma localizada. Quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local, o equipamento já havia sido isolado eletricamente de forma preventiva pela equipe da LMTE. Importante reforçar que todas as recomendações dos Bombeiros foram rigorosamente acatadas e que o relatório apresentado pelo ONS não é conclusivo, já que o final será apresentado em março de 2021", escreveu a empresa.

Recomendações

O RAP também apresenta 34 recomendações para as empresas: LMTE, Eletronorte, UHE Ferreira Gomes, CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá), Energest (UHE Cachoeira Caldeirão) e para o próprio ONS, que deverão ser cumpridas em prazos que variam entre dezembro de 2020 e março de 2021.