RJ: Amigos criticam clínica e lamentam morte de jornalista Eloisa Leandro
Amigos de Eloisa Leandro, 41, morta ontem no Rio de Janeiro após passar por um procedimento estético, criticam a abordagem médica realizada na jornalista. Segundo eles, o local onde Eloisa fez uma lipoaspiração não tinha condições adequadas para um possível problema após a cirurgia — o que, segundo os amigos, de fato aconteceu. O médico responsável, que não teve o nome divulgado, teria alugado o local para realizar o procedimento.
"A Eloisa sempre se preocupou com a estética, ela sempre fez procedimentos. A questão é que tínhamos muitas informações sobre um médico que a Eloisa recorrentemente se consultava para pegar receitas de remédio para emagrecer, ela era muito vaidosa. Não sabemos se esse médico — que ela chamava de 'Dr. Caveirinha' — foi o que fez a cirurgia. Ela tentou fazer essa cirurgia há um tempo, mas quando ela foi fazer o pré-cirúrgico, ela descobriu que estava com covid", contou uma pessoa conhecida da vítima, em condição de anonimato, ao UOL.
"Ela saiu da covid no sábado e na quarta ela internou na clínica, na Tijuca, para fazer a cirurgia. O médico que fez a cirurgia nela alugou o espaço para fazer o procedimento nela. Tanto que, quando a gente soube da morte, a clínica não deu o atestado de óbito. Uma amiga acompanhou ela antes da cirurgia; quando a cirurgia acabou, ela começou a passar mal e ligou para essa amiga para poder ir lá para ajudar, mas quando chegou a Eloisa já tinha morrido. Ela fez a cirurgia de lipo. Ela, logo depois, teve uma parada cardiorrespiratória. Só que ela tinha menos de uma semana que havia saído do covid", acrescentou a fonte, que acredita que o caso "levanta muita suspeita de imprudência médica" ou "de o médico ter sido antiético".
"O enterro foi hoje e o caixão ficou fechado o tempo todo, já que teve suspeita de que ela estivesse com covid. Agora estamos nos questionando é que o médico não poderia ter operado ela dessa forma, nas condições de uma clínica que não tinha um espaço para fazer a recuperação de alguém que tivesse uma parada cardiorrespiratória. Mesmo que ela tivesse assinado qualquer termo, um profissional de saúde não podia ter feito isso. Na clínica não tinha ambulância e nem CTI. Temos até a informação de que o delegado da Tijuca quer que alguém preste depoimento para que ele possa começar a investigar o caso, mas ninguém prestou queixa."
A reportagem entrou em contato com a clínica onde Eloisa Leandro realizou o procedimento estético. Uma atendente do espaço informou que um responsável iria entrar em contato, mas até a publicação, ninguém se manifestou.
Eloisa amiga e jornalista
Amiga de Eloisa Leandro há 10 anos, a também jornalista Sandra Arueira, 69, ainda sente a perda da amiga. Ela disse que foi após a morte do filho único de Eloisa que a relação das duas ficou mais forte.
"Nossa relação durante um tempo foi profissional. Em 2011, com a fatalidade da morte do filho dela, nos aproximamos. Daí passamos ter uma relação quase de mãe e filha. Foram anos ouvindo suas dores. Ela era um ser humano maravilhoso, desprendida das coisas materiais, amorosa, parceira, solidária, um caráter irretocável, uma profissional competente. Todas as qualidades de um ser humano que hoje é difícil de encontrar. O que consolidou nossa amizade foi pela fé. Ela sempre disponível para ajudar as pessoas enfermas, criou um grupo de oração que socorríamos todos em sofrimento através das preces. Hoje sou eu que farei muitas preces para ela. Com certeza ela faria por mim se tivesse sido o contrário", declarou Sandra.
"Se hoje eu pudesse mandar uma mensagem pra ela eu diria: 'Filha do coração, obrigada por ter estado nesta vida terrena junto a mim. Sua amizade e sua presença muito contribuíram para o meu crescimento espiritual, sua amizade foi uma das grandes alegrias de minha vida. Seu carinho e atenção em todos os momentos que precisei foram luz. Filha, te amarei até a eternidade'. Está sendo muito difícil estas primeiras horas. Meu coração está despedaçado", desabafou.
Um outro amigo de Eloisa, Bruno Gonçalves, 35, conhecia a jornalista há 13 anos. Ele, que também é jornalista, lembrou o lado profissional dela e do amor que Eloisa tinha pelo o que fazia.
"Eu a conheço desde 2007 quando trabalhamos em um jornal de Niterói, eu era estagiário dela. Ela era muito caridosa. Sempre fez cobertura policial, isso até de certa forma a manteve envolvida por causa da morte do filho para tentar prender os denunciados. Ela era uma profissional excelente, ela tinha uma visão crítica e conseguia abordar o trabalho dela de vários ângulos, ela era muito perspicaz", lembrou Gonçalves.
"Ela ficou em redação por muitos anos e depois começou a fazer assessoria de imprensa. Recentemente ela estava fazendo vários cursos de jornalismo digital, marketing digital, tentando trabalhar com redes sociais e ela estava muito empolgada e com objetivos novos na vida dela. Ela morreu com vários sonhos a serem realizados", acrescentou.
Hoje à tarde, familiares e amigos estiveram no enterro de Eloisa Leandro. O sepultamento aconteceu no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
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