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RJ: polícia prende suspeitos de transformarem creches em pontos de tráfico

Suspeito é preso na operação Lix, da Polícia Civil do Rio; ação apura tráfico de drogas dentro de escolas e creches - Divulgação/PCERJ
Suspeito é preso na operação Lix, da Polícia Civil do Rio; ação apura tráfico de drogas dentro de escolas e creches Imagem: Divulgação/PCERJ

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

18/12/2020 10h52Atualizada em 18/12/2020 13h48

A Polícia Civil do Rio de Janeiro fez uma operação na manhã de hoje contra integrantes de uma organização criminosa suspeita de transformar instituições de ensino e creches em pontos de venda de drogas. As unidades utilizadas pelo tráfico ficam na região da favela do Lixão e Vila Ideal, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Até às 12h, 17 pessoas já haviam sido presas e uma morreu em confronto com a polícia. Ao todo, eram 40 mandados de prisão. A região alvo da ação policial é dominada pelo Comando Vermelho.

A ocupação das unidades de ensino pelo tráfico foi descoberta durante uma investigação da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas). Na manhã de hoje, policiais da unidade, com apoio de outras delegacias e também da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), realizam a operação Lix.

Roubo de cargas

Segundo a polícia, os suspeitos ainda buscavam aumentar os lucros associando-se a bandidos especializados em roubo de cargas, oferecendo armamentos e autorizando a retirada de mercadorias no interior das comunidades, em troca de uma porcentagem dos produtos.

"A ação criminosa, além de explorar o comércio ilícito de drogas, também atuava na prática do crime de roubo de cargas e de roubos em geral", informou a Dcod.

Durante a operação, os agentes encontraram também residências que foram demolidas pelo tráfico, após moradores serem expulsos. No local, os traficantes se preparam para construir prédios que seriam revendidos a preços menores.

"As organizações criminosas, que anteriormente só exerciam tráfico de drogas, hoje passaram a exercer uma série de atividades ilícitas, e lá [comunidades em Duque de Caxias], como a gente conseguiu identificar, eles demoliram algumas casas, retiraram os moradores e iniciaram obras de construção de um prédio para venda auferir maiores lucros", disse o delegado titular da Decod, Gustavo Castro.

"Aí a gente vê que as facções criminosas do Rio de Janeiro não agem mais somente no tráfico, mas em atividades típicas de milícia, o que a gente tem chamado de narcomilícia", completou ele.

Líder comanda tráfico de dentro da cadeia, diz polícia

Charles Silva Batista foi apontado pela polícia como o líder da facção criminosa. Ele está preso no Complexo Penitenciário de Bangu 1, na zona oeste da cidade. Segundo a polícia, mesmo detido, ele continua praticando crimes e nomeando gerentes gerais das comunidades, após o filho dele, Charles Jackson Neres Batista, morrer em confronto com a polícia em 2019.

"A investigação teve como principal objetivo a identificação de toda a cadeia criminosa atuante nas localidades investigadas, bem como a identificação de diversos traficantes que até então passavam despercebidos da atuação policial, uma vez que sequer possuíam anotações criminais e se deslocavam livremente sem serem incomodados", informou a Polícia Civil.

Os indiciados responderão pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, roubo majorado, porte ilegal de armas, entre outros crimes, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos de prisão.