Freezer de lancha sumida é localizado no RJ; família faz busca paralela
Um freezer intacto, com alimentos dentro, que seria da lancha O Maestro foi encontrado ontem pela Marinha do Brasil, a cerca de 23 milhas náuticas (ou 43 km) a leste da ponta de Cabo Frio (RJ). A embarcação está desaparecida desde sábado (30), quando saiu do Rio de Janeiro para Fortaleza com cinco tripulantes,
O achado reacende a esperança de familiares de encontrarem os cinco amigos - um gaúcho e quatro cearenses - com vida, abrigados em uma ilha. Hoje, familiares dos desaparecidos realizam buscas paralelas à da Marinha, com ajuda de um grupo de navegantes solidários ao caso. Eles seguem para a região de Macaé (RJ).
Estão desaparecidos Ricardo José Kirst, empresário e proprietário da embarcação, Domingos Savio Ribeiro (empresário), Guilherme Ambrósio de Oliveira (comandante), José Cláudio de Souza Vieira (mestre de máquina) e Wilson Martins dos Santos (pescador). Todos eles, segundo a família de Kirst, têm experiência no mar, são amigos e pescam juntos há muitos anos. O grupo realizava um sonho com a expedição que duraria entre 15 e 20 dias por parte da costa brasileira.
O freezer foi encontrado na tarde de ontem pela equipe do navio-patrulha Macaé. O material foi recolhido para perícia. Participam das buscas, além do navio-patrulha Macaé, uma aeronave Sea Hawk (SH-16) e uma aeronave P-95 da FAB (Força Aérea Brasileira). A Marinha do Brasil trata o caso como suposto naufrágio.
"As buscas seguem padrões técnicos e consideram as ações de ventos e correntes de deriva. Durante todo o período de buscas, o navio e as aeronaves da Marinha do Brasil e da FAB realizaram uma varredura de mais de 44.000 km², percorrendo uma faixa litorânea entre o Porto do Açu, São João da Barra (RJ) e a Restinga da Marambaia (RJ), com um distanciamento de até 90 km da costa", informou a Marinha.
Busca paralela
Hoje, a Marinha do Brasil entra pelo quinto dia consecutivo de buscas. Sem respostas concretas, familiares dos desaparecidos decidiram fazer uma busca paralela para tentar encontrá-los. Eles divergem da área que a Marinha realiza das buscas, que restringe ao Rio de Janeiro, e acreditam que os tripulantes podem estar no estado do Espírito Santo.
A empresária Tatiana Silva Kirst, mulher de Ricardo José Kirst, proprietário da lancha, viajou de Fortaleza para o Rio de Janeiro ontem para se juntar ao grupo solidário ao desaparecimento da lancha e dos tripulantes fazendo buscas em paralelo para tentar localizá-los o mais breve possível. Ela contou ao UOL que saiu numa embarcação às 7h da manhã, e o grupo pretende chegar a um ponto em Macaé que acreditam que irão encontrar os cinco tripulantes desaparecidos.
"O freezer estava em perfeito estado, visivelmente, que até alimentação estava dentro, com isso sabemos que houve naufrágio. A meu ver, se fosse um temporal, a porta do freezer estaria aberta, sem alimento. Eles estavam conscientes que ia acontecer isso pelo pedido de ajuda que fizeram, que diziam que toda tripulação ia abandonar a embarcação. Eu acredito que afundou, e pelo conhecimento deles, eles foram em busca de uma correnteza e estão em uma ilha. Precisamos encontrá-los", disse Tatiana Kirst.
Tatiana afirmou que a Marinha apresentou um estudo da área que a lancha fez o último contato e que naquele dia a correnteza do mar levava para terras, ou seja, ilhas. Ela diz que a comunidade pesqueira precisa ser reforçada do desaparecimento dos cinco tripulantes para que, caso aviste algo diferente, fique atenta para ajudar a repassar as coordenadas para encontrá-los.
"Já posso te garantir que a palavra de hoje é falta de comunicação. Ninguém estava sabendo dessa história. Constatei quando cheguei aqui no Rio. Se os jangadeiros estiverem nadando ou passando por ilha sem saber do desaparecimento, eles nem vão observar algo estranho, mas se tiverem conhecimento, eles vão ficar muito atentos. Não desistam da gente", pediu Tatiana.
A última localização da lancha foi no litoral norte do Rio de Janeiro, nas proximidades do farol de São Tomé, em Campos dos Goytacazes (RJ). Familiares dos tripulantes da embarcação contaram que eles emitiram um aviso, via rádio, que estavam sendo obrigados a saírem da embarcação e pediram socorro à Marinha e navegantes que estivessem próximos ao local. O contato ocorreu na madrugada do último sábado.
A Marinha do Brasil informou que o Salvamar Sueste, estrutura orgânica responsável por Operações de Busca e Salvamento nesta região, emitiu aviso aos navegantes, dando ampla divulgação por rádio, para alertar e solicitar apoio a todas as embarcações nas áreas próximas à última localização do GPS da lancha O Maestro. Além disso, empresas civis que operam regularmente helicópteros e navios na região foram avisados do desaparecimento da embarcação e das suas características.
"O Com1ºDN esclarece que é solidário ao momento vivido pelos familiares dos tripulantes e mantém contato permanente com eles. Além disso, representantes das famílias receberam, ontem, na Capitania dos Portos do Ceará, e hoje, na sede do Comando do 1º Distrito Naval, todas as informações sobre o andamento das buscas e conheceram detalhes sobre os meios navais e aéreos nelas empregados", informou em nota ao UOL.
Sonho que virou pesadelo
O empresário gaúcho Ricardo José Kirst comprou a lancha O Maestro, modelo DM38, na semana passada. Apaixonado pelo mar e pela pesca, ele decidiu comprar a lancha por ser mais confortável e ter mais espaço para curtir passeios náuticos com a família e amigos. Para trazer a lancha, ele chamou os amigos cearenses Domingos Savio Ribeiro (empresário), Guilherme Ambrósio de Oliveira (comandante), José Cláudio de Souza Vieira (mestre de máquina) e Wilson Martins dos Santos (pescador).
A expedição estava prevista para durar entre 15 e 20 dias, pois o grupo iria fazer paradas para curtir trechos do percurso com gravação de imagens para serem publicadas na internet. A lancha saiu do Iate Clube Guanabara, no dia 26. Eles ainda chegaram a fazer alguns registros, mas logo no primeiro dia, a lancha apresentou um problema de entrada de ar em mangueiras, próximo ao bairro da Urca, onde tiveram de ancorar para realizar o reparo. No dia 28, a lancha, já reparada, seguiu viagem, mas na noite do dia 29 apresentou mais problemas.
"Eles não são aventureiros, são homens experientes com o mar, que amam a pesca e estavam numa expedição de lazer. Todos os cinco são muito amigos de pesca, de salvamento, são homens do mar. Acreditamos que eles estão na embarcação à deriva ou em uma ilha, mas a Marinha coloca como suposto naufrágio", conta Simone Mello, irmã de Ricardo Kirst.
No último contato com o empresário Domingos Ribeiro, feito pela mulher de Kirst, pois o telefone dele estava descarregado, ele relatou problemas com o tempo, com ventos fortes, que as ondas chegaram a molhar tudo dentro da lancha, e que um motor e o gerador pararam de funcionar. O contato ocorreu às 23h26 do dia 29.
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