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Dono de lancha desaparecida queria documentar viagem, diz irmã

Lancha O Maestro sumiu com cinco pessoas dentro - Arquivo Pessoal
Lancha O Maestro sumiu com cinco pessoas dentro Imagem: Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

06/02/2021 12h35

O empresário Ricardo José Kirst, proprietário da lancha "O Maestro", que desapareceu no último dia 30, com cinco pessoas a bordo, queria documentar a viagem entre Rio de Janeiro e Fortaleza, segundo a irmã dele. A lancha saiu do Iate Clube Guanabara, no Rio, no dia 26.

Em entrevista à revista Época, Simone Mello, contou que a ideia era publicar os bastidores da expedição em um canal no YouTube.

"Essa travessia ia ser toda documentada. Ele tinha esse projeto. Estava fazendo vídeos para postar no YouTube, criar uma página com a ajuda de um amigo. Ele foi me instruindo como faria isso junto com a família e os irmãos. Antes, já postava nas redes sociais, mostrava os peixes que pegava, quem estava junto, as ilhas, a parte ecológica e de segurança", disse ela.

Além de Ricardo, estão desaparecidos Domingos Savio Ribeiro (empresário), Guilherme Ambrósio de Oliveira (comandante), José Cláudio de Souza Vieira (mestre de máquina) e Wilson Martins dos Santos (pescador). Todos eles, segundo a família de Kirst, têm experiência no mar, são amigos e pescam juntos há muitos anos. O grupo realizava um sonho com a expedição na lancha modelo DM38 que duraria entre 15 e 20 dias por parte da costa brasileira.

A Marinha do Brasil informou que encontrou dois corpos que supostamente seriam de tripulantes da lancha. Os corpos foram localizados anteontem por aeronaves da Marinha e da Força Aérea Brasileira, e foram recolhidos pelo navio-patrulha Macau. Os familiares foram avisados.

Os corpos foram encontrados a cerca de 50 km a leste do Farol de Cabo Frio, em uma região perto do local onde foi achado, na última quarta-feira (3) um freezer intacto com alimentos dentro, que se acredita ser da embarcação.

A última localização da lancha foi no litoral norte do Rio de Janeiro, nas proximidades do farol de São Tomé, em Campos dos Goytacazes (RJ). Familiares dos tripulantes da embarcação contaram que eles emitiram um aviso, via rádio, que estavam sendo obrigados a saírem da embarcação e pediram socorro à Marinha e navegantes que estivessem próximos ao local. O contato ocorreu na madrugada do último sábado.

Sonho que virou pesadelo

A expedição foi idealizada por Ricardo, que comprou a lancha. O empresário, apaixonado pelo mar e pela pesca, decidiu comprar a lancha por ser mais confortável e ter mais espaço para curtir passeios náuticos com a família e amigos.

A expedição estava prevista para durar entre 15 e 20 dias, pois o grupo iria fazer paradas para curtir trechos do percurso com gravação de imagens para serem publicadas na internet.

Eles ainda chegaram a fazer alguns registros, mas logo no primeiro dia, a lancha apresentou um problema de entrada de ar em mangueiras, próximo ao bairro da Urca, onde tiveram de ancorar para realizar o reparo. No dia 28, a lancha, já reparada, seguiu viagem, mas na noite do dia 29 apresentou mais problemas.

Segundo a irmã de Ricardo, ele comprou a embarcação para fazer a "viagem dos sonhos". O empresário também fazia cursos de nada e exercícios em alto mar.

"Era um sonho dele fazer essa travessia, essa expedição. Ele nunca tinha feito essa viagem, apesar de ser comandante também. Era conhecedor do mar, das condições de vento, tem muita responsabilidade. Tanto que ele colocou uma pessoa muito treinada e capacitada para essa travessia, que havia feito o mesmo trajeto há uns 40 dias. Era realmente um sonho, um projeto. Era o filme da vida dele", afirmou.

No último contato com o empresário Domingos Ribeiro, feito pela mulher de Kirst, pois o telefone dele estava descarregado, ele relatou problemas com o tempo, com ventos fortes, que as ondas chegaram a molhar tudo dentro da lancha, e que um motor e o gerador pararam de funcionar. O contato ocorreu às 23h26 do dia 29.

* Com informações de reportagem de Aliny Gama, colaboração para o UOL, em Maceió