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RJ: Pastor quebra oferendas e diz que destruição ocorre 'em nome de Jesus'

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

11/02/2021 19h55

Adeptos do candomblé prestaram queixa na polícia ontem contra o pastor evangélico Gledson Lima, que aparece em um vídeo postado na internet destruindo oferendas religiosas no bairro Shangrilá, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Enquanto quebra as peças, o pastor diz repetidas vezes "em nome de Jesus". Ele diz também que está desfazendo uma maldição.

"Assim como essa pedra está quebrando, assim é a palavra de Deus. Quebrando toda maldição hereditária na sua vida. Foi quebrada essa oferenda em nome de Jesus", diz.

No final, o pastor ainda convida fiéis para um culto em sua igreja. "Venha amanhã para o nosso culto, venha receber sua benção, sua vitória, em nome de Jesus."

O caso ocorreu no último domingo (7). A oferenda estava em uma área descampada, no alto de uma colina e foi totalmente destruída.

O Boletim de Ocorrência foi registrado ontem pelo babalorixá Natan de Oxaguiã, do Ilê Àsé Babá Min Okan Fun Fun, na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

O UOL não conseguiu localizar o pastor que pertence a igreja Tenda dos Milagres.

Também nesta semana, outro ataque religioso foi registrado na delegacia. Desta vez, o caso ocorreu no bairro do Anil, na zona oeste do Rio de Janeiro. Durante um ritual em homenagem à Yemanjá, pedras foram jogadas no telhado de uma casa e atingiram peças sagradas. De acordo com relatos, a responsável já tinha relatado problemas de intolerância religiosa de um vizinho.

Registros de ocorrência em 2020

Em 2020, o ISP (Instituto de Segurança Pública) contabilizou 1.355 registros de ocorrência de crimes que podem estar relacionados à intolerância religiosa. De acordo com os dados, o número equivale a mais de três casos por dia em todo o estado.

O ISP também registrou 23 casos de ultraje a cultos religiosos ocorridos no Rio. A tipificação criminal é determinada pela ridicularização pública, impedimento ou perturbação de cerimônia religiosa. Em 2019, período anterior a pandemia foram contabilizados 32 casos.

Os números foram divulgados no mês passado.