Acidente em Taguaí: motorista é indiciado por homicídio culposo
O motorista de ônibus da Star Turismo, que se envolveu no acidente de Taguaí (SP), foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e lesão corporal culposa. A tragédia, que aconteceu em 25 de novembro do ano passado, deixou 42 mortos.
A conclusão da Polícia Civil de São Paulo vem depois de laudo que comprovou a integralidade do sistema de frenagem do ônibus. "Não houve falha mecânica, como detalhou o laudo pericial", escreveu a delegada Camila Rosa Alves.
Em entrevista à TV Globo no dia 10 de fevereiro, o motorista da Star Turismo chegou a alegar que houve um problema mecânico no momento do acidente. "Não tem como falar que o freio não falhou porque o freio falhou. Na hora que eu mais precisei, que eu pisei para segurar mesmo, não segurou".
Na conclusão do caso, ainda é dito que "há habitualidade do indiciado em percorrer o mesmo caminho há aproximadamente 8 anos. Pelo relato das testemunhas, o excesso de velocidade e imperícia eram comuns ao modo de conduzir de Mauro Aparecido de Oliveira, [o que] sinaliza que o indiciado acreditava plenamente na sua capacidade, acima do senso comum, de que realmente seria capaz de impedir o resultado de um evento catastrófico".
Além disso, a delegada do caso ressalta que "os inúmeros atos imprudentes sem consequências imediatas acabaram por alimentar no íntimo [do motorista] a falsa sensação de controle dos eventos que o cercavam".
Antes da conclusão do caso, a perícia analisou o trecho da rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho e não achou buracos ou deformação que pudessem ter provocado o acidente. Os freios do ônibus também foram verificados, mas a conclusão é de que "mangueiras, válvulas e demais componentes estavam íntegros [no dia do acidente]".
A investigação da Polícia Civil de São Paulo também indica que o ônibus da Star Turismo estava acima da velocidade permitida na rodovia. Ele atingiu 89 km/h, sendo que o limite na rodovia era de 80 km/h. No dia 25 de novembro do ano passado, o veículo, que transportava funcionários de uma fábrica de jeans, saiu da faixa e bateu contra um caminhão que vinha na direção contrária —o motorista do caminhão morreu com a colisão.
Outros indiciados
Além do motorista do ônibus, a Polícia Civil indiciou os donos das três fábricas onde os passageiros trabalhavam por serem responsáveis pela contratação do transporte e por lesar direitos previdenciários, trabalhistas e civis dos funcionários.
Já o responsável pela Star Turismo também foi indiciado por estar atuando de forma irregular —a autorização para realizar a atividade fim estava cancelada pelo órgão competente desde outubro de 2019.
O UOL tentou entrar em contato com a defesa da Star Turismo, mas não conseguiu. A reportagem ainda aguarda retorno do advogado da Stattus Jeans, onde os passageiros do ônibus trabalhavam.
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