Taguaí: investigação aponta que não houve falha em freios de ônibus, diz TV
A investigação sobre o acidente entre um ônibus e um caminhão que deixou 42 mortos em Taguaí, no interior paulista, no dia 25 de novembro do ano passado, apontou que não houve falha nos freios do coletivo, segundo reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida ontem.
De acordo com a reportagem, peritos do Instituto de Criminalística de São Paulo analisaram o trecho da rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho e não acharam buracos ou deformação que pudessem ter provocado o acidente.
Os freios do lado esquerdo do ônibus também foram verificados, e os peritos desmontaram as rodas do lado direito, para uma checagem completa. A conclusão do laudo é de que "mangueiras, válvulas e demais componentes estavam íntegros e não foram encontrados vestígios que indicassem falha no sistema de freios".
"Infelizmente nesse acidente houve uma falha humana. Não havia falha no freio. Houve uma ultrapassagem em local proibido de fato, que foi uma ação deliberada do motorista", disse a delegada Camila Rosa Alves
O motorista do coletivo Mauro Aparecido de Oliveira havia dito em entrevista à TV Globo no dia 10 de fevereiro que houve um problema mecânico. "Não tem como falar que o freio não falhou porque o freio falhou. Na hora que eu mais precisei, que eu pisei para segurar mesmo, não segurou."
Além do resultado da perícia, a polícia usou outra prova, que é a constatação do local do acidente, para afirmar que a versão do motorista não é verdadeira. Em seu depoimento, Oliveira disse que não desviou o ônibus para a direita porque pensou que havia uma ribanceira naquele trecho, mas não há. Como fazia o percurso todos os dias, ele conhecia bem o percurso. Portanto, a investigação aponta que o motorista poderia ter desviado para a direita se a intenção dele não fosse fazer uma ultrapassagem.
Em janeiro, a investigação já havia concluído que o ônibus estava acima da velocidade permitida. Ele atingiu 89 km/h, sendo que o limite na rodovia era de 80 km/h.
Ao todo, 27 pessoas foram ouvidas. O inquérito policial deve ser concluído em breve e encaminhado ao MP (Ministério Público).
Outro lado
O advogado de Oliveira, Hamilton Gianfratti, diz que há testemunhas que comprovariam que o freio falhou. "Haverá um conflito probatório nos autos e vai caber obviamente ao juiz discernir essa questão. Nós temos testemunhas que comprovam que não houve, por exemplo, uma ultrapassagem."
O advogado disse ainda que deve pedir perdão judicial para seu cliente, caso ele seja condenado. "O Mauro, no momento que está vivendo sob intenso sofrimento, sob medicação. E havia uma relação subjetiva de afetividade com todos os componentes do ônibus. Isso aí favorece o perdão judicial."
O ônibus pertencia a Star Turismo, que não tinha autorização para fazer o transporte intermunicipal. Segundo a reportagem, a perícia constatou que os pneus do veículo estavam carecas. Para a delegada, isso não foi decisivo no acidente, "mas comprometida a segurança dos passageiros".
Em nota ao Fantástico, o advogado da Star Turismo disse que a manutenção dos ônibus era realizada semanalmente e que a empresa ainda não foi notificada sobre a suspensão da autorização para fazer o transporte intermunicipal.
De acordo com a reportagem, as vítimas trabalhavam para três empresas que funcionavam na mesma fábrica de roupas — segundo a polícia, os donos contrataram a empresa de turismo e devem ser indiciados por colocar a vida dos funcionários em perigo. A TV Globo procurou o advogado das empresas, mas não teve retorno.
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