'Loba do Tinder' já foi presa por denúncia falsa de injúria racial
A mulher que ficou conhecida como Loba do Tinder, presa nesta quinta-feira (11) pela Polícia Civil de Campinas, e acusada de cometer golpes pelo aplicativo de relacionamento, tem uma história curiosa. Acusada de extorsão, chantagem e estelionato, Patrícia Coutinho Pereira chegou a ser presa em 2018, mas pelo crime de denunciação caluniosa.
O UOL teve acesso à condenação de Patrícia, em 23 de maio daquele ano, proferida pelo juiz Milton Eurípedes da Silva, e que mostra como Patrícia utilizava da própria Justiça para tentar benefícios financeiros.
Neste processo, Patrícia foi condenada a dois anos e quatro meses de prisão por ter feito uma denúncia falsa pelo crime de injúria racial, além de ter pedido uma medida protetiva, alegando ameaça, contra Luiz Carlos R.P.
Nos autos do processo, o Ministério Público denuncia a Loba do Tinder por ter acusado o homem de forma mentirosa, "imputando-lhe a prática de crimes de ameaça e injúria racial, dos quais o sabia inocente", diz trecho da denúncia da promotoria de Gama, no Distrito Federal, onde ela residia antes de virar foragida.
Diante dos fatos, o juiz analisou que o MP conseguiu provar a inocência de Luiz Carlos no processo movido por Patrícia e que ela fez uma denúncia caluniosa, já que alegou ter sofrido ofensa racial e agredida, mas não houve nenhuma comprovação e a perícia não indicou ferimentos.
A promotoria lembrou ainda do depoimento do homem. "Frisou ainda que os fatos narrados nestes autos eram idênticos a outras imputações falsas anteriormente levadas a efeito por ela, embora apresentassem datas diferentes", ou seja, Patrícia já havia feito a mesma denúncia contra ele, mas com o processo arquivado, ela mudou as datas dos fatos para denunciá-lo novamente pelo mesmo crime.
"Ao revés, Luiz Carlos fez consignar que Patrícia Coutinho já havia lhe imputado fato criminoso em ocasião anterior. Mas como esse procedimento foi arquivado, culminando na condenação da denunciada, essa resolveu alterar as datas das ocorrências, para tornar a lhe imputar crime, de todo modo sabendo-o inocente", diz um trecho da decisão.
Na decisão, o juiz julga "procedente a pretensão punitiva estatal, para condenar Patrícia Coutinho Pereira às penas do crime" por entender que o Ministério Público conseguiu provar que houve denunciação caluniosa.
Para evitar que ela fique solta, o magistrado ainda determinou que "enfim, julgados desfavoráveis à ré os seus antecedentes, em atenção aos princípios basilares da razoabilidade e da proporcionalidade , fixo a pena-base acima do mínimo legal, ou seja, em 02 (dois) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, além de 11 (onze) dias-multa".
A prisão da Loba do Tinder
Foi neste processo que o MP conseguiu prender a Loba do Tinder pela primeira vez, ainda que ela tenha sido condenada a cumprir pena no regime semiaberto. A prisão foi o suficiente para que a Polícia Civil de Gama encontrasse o aparelho celular de Patrícia e enviasse para a perícia na investigação pelos golpes no Tinder.
Foi com base na perícia que o inquérito ganhou corpo e a Delegacia Civil conseguiu enviar para a Justiça as provas que mostram os supostos crimes de extorsão, chantagem e estelionatos praticados por Patrícia.
Mas, como estava em regime semiaberto, a Loba do Tinder fugiu meses após a prisão e o processo correu à sua revelia, gerando também condenação e mandado de prisão.
Ontem, Patrícia foi presa por um terceiro processo, dessa vez em Campinas (SP), também por estelionato utilizando o mesmo modus operandi: conhecendo a vítima pelo Tinder e chantageando após relação sexual.
Ela está presa em Campinas e aguarda transferência para Gama, onde há dois mandados contra ela, por não cumprir o semiaberto da condenação por denunciação caluniosa e por praticar golpes, o que lhe gerou o apelido de Loba do Tinder. Ela também responderá ao processo por estelionato em Campinas.
O UOL tenta contato com a defesa de Patrícia, mas ainda não obteve retorno.
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