'É terrível', diz irmã de estudante de medicina vítima de covid-19 em SP
"Meus pais estão destruídos, revoltados, chateados."
O desabafo é de Thais Bertocco, irmã do estudante de medicina Antonio Francisco Bertocco Júnior, de 33 anos, que morreu por complicações da covid-19, em Penápolis (SP), a 490 km de São Paulo.
A jovem, que é médica, acompanhou de perto os últimos dias de vida do irmão. Foi ela quem deu apoio psicológico para a família e monitorou o atendimento dado a ele na UTI.
"Ele me ligava, pedia para que eu voltasse para o hospital e dizia que estava ansioso, nervoso. Achava que, eu estando ao lado dele todo o tempo, nada de ruim poderia acontecer", conta.
Thais tenta buscar forças para seguir em frente após a perda do irmão. Ao UOL, ela disse que o irmão estava reagindo bem ao tratamento logo que descobriu a doença. No entanto, de uma hora para outra, o pulmão começou a ser comprometido de forma rápida. Foi preciso ministrar medicamentos fortíssimos.
"Dois dias antes da morte, a gente tinha bons resultados de exames. Mas ele teve uma pneumonia associada. E isso levou a uma infecção generalizada e, consequentemente, à morte", relata.
A morte veio após cinco dias de internação na UTI. Bertocco Júnior é de Avanhandava (SP), a 479 km de São Paulo. Só que a cidade não tem hospital, por isso, ele precisou ser tratado no município vizinho.
Sonhava ser médico
O estudante de medicina tinha diabetes e sonhava em ser endocrinologista. Ele estava no sexto semestre da graduação, e essa era a terceira faculdade que cursava — já era formado em história e enfermagem.
"O sonho de ser médico era tão grande que ele teve influência na minha escolha pela medicina. Meu irmão era muito inteligente e começou a realizar o sonho no momento certo, depois de amadurecer", conta Thais.
Bertocco Júnior gostava de rock, era caseiro e seguia uma vida em defesa dos animais. Ele dividia a rotina de estudos com o trabalho em uma indústria, onde fazia a triagem de covid-19 dos trabalhadores.
Por atuar na área da saúde, Bertocco Júnior foi imunizado contra o coronavírus. Ele recebeu a primeira dose da vacina em fevereiro. Porém, não teve tempo de receber a dose de reforço e não desenvolveu os anticorpos.
O estudante era o mais velho de três irmãos. No ano passado, acompanhou o parto do sobrinho de dentro do centro cirúrgico.
"Psicologicamente, é terrível. Se as pessoas que não se cuidam pudessem estar dentro de uma UTI covid, elas pensariam muito antes de levar essa vida que estão levando", lamenta a irmã.
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