Topo

Esse conteúdo é antigo

Polícia alerta para 'golpe dos nudes' aplicados por quadrilha gaúcha

Quadrilha primeiro se passa por jovem disposta a trocar fotos; depois, finge ser delegado e tenta extorquir vítimas - Getty Images/iStockphoto
Quadrilha primeiro se passa por jovem disposta a trocar fotos; depois, finge ser delegado e tenta extorquir vítimas Imagem: Getty Images/iStockphoto

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

18/03/2021 18h13

Um golpe praticado por uma organização criminosa do Rio Grande do Sul voltou a fazer vítimas em Alagoas. Pelo menos seis homens procuraram a Derc (Delegacia Especializada de Roubos da Capital), em Maceió, para relatar que trocaram fotos íntimas com uma mulher; depois, passaram a ser extorquidos a pagar quantias entre R$ 8 mil e R$ 11 mil para um suposto delegado gaúcho que os acusavam de pedofilia, pois a jovem a qual trocou fotos nuas com os homens teria menos de 18 anos.

O golpe começa com abordagem em redes sociais e contatos de WhatsApp, com números aleatórios escolhidos pela quadrilha. A ação criminosa vem ocorrendo desde a semana passada em Alagoas, mas a quadrilha vem atuando em outros estados brasileiros há algum tempo. Seis criminosos são apontados pelo crime. Os nomes deles não foram divulgados.

O delegado Leonam Pinheiro, titular da Derc, explica que a quadrilha tem uma organização para agir por estado e, depois que o golpe é descoberto, muda de região de atuação para fazer mais novas vítimas. Todas as vítimas que procuraram a polícia em Alagoas são homens, que são comprometidos e que estão na meia-idade.

"Eles procuram homens casados ou comprometidos, se passam por uma jovem, que começa a trocar nudes. Depois, a vítima recebe uma ligação de um homem dizendo que é um delegado chamado Alex. Ele diz que a jovem é menor de 18 anos, que a família está na delegacia registrando a ocorrência e acusa a vítima de pedofilia. Em seguida, o falso delegado começa a pedir dinheiro para a vítima não ser presa por pedofilia e também a família descobrir o falso crime", explica Leonam Pinheiro. As vítimas quase sempre procuraram a delegacia acompanhadas das mulheres.

Além de se passar por uma mulher e o alvo ser homens, outra característica do golpe é que o nome do falso delegado é sempre Alex. As vítimas mostraram que o número que entra em contato se passando pelo falso delegado tem um brasão da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

"Os criminosos não trocam o nome do suposto delegado, pois no Rio Grande do Sul existe um delegado chamado Alex, e as vítimas, ao procurarem em sites de buscas, passam a acreditar que o contato é verdadeiro", diz Pinheiro.

A organização criminosa é composta por seis homens - todos com passagem pela polícia por crime similar praticado em outros estados brasileiros e, inclusive, anteriormente presos pelo mesmo crime. Segundo o delegado, os criminosos continuavam a agir dentro dos presídios.

"A quadrilha observa a ingenuidade das vítimas e age. É um golpe bem bolado, que vem dando certo para esses criminosos e eles mudam de estado sempre que são descobertos. A primeira vítima veio até mim pedindo ajuda para resolver a situação, foi quando identifiquei que se tratava de golpe e ele ainda ficou duvidando, pois tinha visto que no Rio Grande do Sul tinha um delegado chamado Alex", conta o delegado.

A partir deste primeiro caso, três dias depois outra vítima procurou o delegado. "Agora, já são seis boletins de ocorrência que registramos do mesmo golpe. Mas sabemos que existem outras que não quiseram vir à delegacia", ressalta Pinheiro.

O delegado instaurou inquérito policial e pediu a prisão preventiva dos criminosos, depois de eles serem identificados. O Tribunal de Justiça de Alagoas expediu mandado de prisão preventiva contra os investigados do crime, atendendo ao pedido da Polícia Civil de Alagoas, e a ordem já foi repassada para a Polícia Civil do Rio Grande do Sul para dar cumprimento. Não há informação se algum suspeito foi preso.

Leonam Pinheiro alerta que pessoas que tiveram contato similar e receberem ligação telefônica do suposto delegado não paguem nenhuma quantia, pois se trata de um golpe. "Simplesmente, bloqueiem o contato e não façam nenhuma operação bancária, pois se trata de um golpe. Essa organização criminosa já foi presa pelo mesmo crime e vive atuando por estado, entrando em contato com números aleatórios", explica o delegado.