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Operações contra fraudes na pandemia renderam 147 prisões, diz PF

Ventiladores pulmonares estão entre os itens identificados como superfaturados - Agência Pará
Ventiladores pulmonares estão entre os itens identificados como superfaturados Imagem: Agência Pará

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

25/03/2021 13h19

As 74 operações contra fraudes relacionadas à pandemia do coronavírus renderam 147 prisões, de acordo com balanço divulgado hoje pelo chefe da Divisão de Repressão à Corrupção da Polícia Federal, Fabiano Emídio Lucena.

Foram realizadas 135 detenções temporárias, geralmente por cinco dias, e 12 preventivas, sem prazo para terminar. Houve ainda 1.156 ações de busca e apreensão pelo Brasil. Os contratos investigados somam R$ 2,17 bilhões.

Lucena revelou os números em uma palestra do Fórum Global Anticorrução e Integridade da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), na manhã de hoje. Na ocasião, ele disse que a maioria das fraudes detectadas pela PF eram "prosaicas", "simples" ou "grosseiras".

São fraudes absolutamente simples, que compõem o fenômeno da microcorrupção. Não são fraudes de difícil constatação."
Fabiano Lucena, delegado da PF

Ele disse que os esquemas são pulverizados pelo país e tratam da chamada "microcorrupção". Mas, quando somados os desvios, os valores se tornam relevantes.

Lucena afirmou que as fraudes mais comuns incluíam superfaturamentos, que eram detectados com pesquisa de mercado, como compras de contêineres, equipamentos de climatização e serviços de locação de coberturas usados em hospitais de campanha.

A PF considerou que, com a pandemia, os preços dos produtos naturalmente foram elevados no mercado internacional. "Mas, mesmo assim, constatamos situações como essa, um sobrepreço absurdamente claro, mesmo em se levando em consideração preços praticados por outros entes [prefeituras e estados] da federação."

Na compra de ventiladores pulmonares, uma proposta de venda chegou a R$ 126 mil, enquanto a segunda mais barata oferecida em outro estado estava na casa dos R$ 70 mil. No caso dos respiradores portáteis, a diferença de preço entre um equipamento comprado numa localidade mostrou uma compra de R$ 113 mil e outra de R$ 41 mil.

No caso do álcool em gel, a perícia identificou produtos com menos teor de etanol que o necessário. Em outro exemplo, aparelhos de ar condicionado menos potentes foram instalados como se fossem de maior capacidade de climatização. Uma administração pagou por pisos metálicos, mas a entrega foi feita com pisos de madeira.