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Polícia prende ambientalista Thiago Ávila e mais três em ocupação no DF

Thiago Ávila foi abordado pela Polícia Militar durante uma ocupação no DF - Reprodução / Twitter
Thiago Ávila foi abordado pela Polícia Militar durante uma ocupação no DF Imagem: Reprodução / Twitter

Do UOL, em São Paulo

07/04/2021 17h15Atualizada em 07/04/2021 19h28

A Polícia Militar do Distrito Federal prendeu hoje quatro pessoas durante uma reintegração de posse na ocupação CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em Brasília. Procurados pelo UOL, a polícia e o governo do DF confirmaram as prisões, mas não informaram os nomes dos detidos. Em uma transmissão ao vivo no Instagram, um dos ativistas que estavam presentes no local registrou o momento da prisão do socioambientalista e influenciador digital Thiago Ávila Brasil.

Os outros manifestantes presos seriam Caio Sad, que é coordenador nacional da Fenet (Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico), Érika Oliveira e Pedro Felipe. Segundo o governo do DF, os ativistas foram detidos por "desobediência" e levados à Delegacia do Meio Ambiente. "Cabe destacar que o terreno é do GDF e não há previsão de moradias para o local", disse o governo por meio de nota enviada ao UOL.

A socióloga e youtuber Sabrina Fernandes, que é casada com Thiago, usou suas redes sociais para denunciar a ação. "A PM acaba de levar meu marido preso pelos braços e pernas no DF a mando do governador @IbaneisOficial !!!!", escreveu Fernandes no Twitter.

Ela disse ainda que o marido não pode ter acesso aos advogados porque policiais militares teriam impedido: "São 4 pessoas presas, incluindo o @thiagoavilabr. A PM-DF os manteve por quase uma hora detidos na via pública, escondidos atrás das viaturas, sem deixar os advogados acessarem. Passaram também infos conflitantes sobre a delegacia pra onde vão levar".

Posteriormente, em vídeo gravado para as redes sociais, o advogado Álvaro Cerqueira, do mandato do deputado distrital Fábio Felix (PSOL), afirmou que teve acesso à delegacia e que os detidos estão bem e devem ser ouvidos ainda hoje.

Duas horas antes da detenção, Thiago Ávila compartilhou no Twitter que a comunidade de catadores do CCBB e a escola do cerrado, construída na ocupação, estavam sendo cercados. "Batalhão de Choque, tratores, polícia militar, DF Legal, helicóptero presidencial cercando a comunidade de catadoras do CCBB e a escolinha do cerrado. Mais um dia de pandemia em defesa da vida, da moradia, da educação, da saúde e da Natureza!", escreveu o socioambientalista que é filiado ao PSOL.

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL) publicou uma imagem do momento em que Ávila foi abordado pela Polícia Militar durante o ato. Na imagem é possível ver o ativista sendo revistado por um policial, enquanto outro observa a ação. Thiago aparece com as duas mãos na cabeça, encostado na viatura.

Desocupação por ordem do governo

Na segunda-feira (5) mais de 30 famílias foram despejadas com tratores na região do CCBB, que fica próximo ao Palácio do Planalto.

Os moradores da ocupação conseguiram impedir que tratores derubassem a Escola do Cerrado, espaço criado por voluntários durante a pandemia para garantir o acesso à educação para crianças que viviam no local.

Hoje, a escola foi derrubada durante a ação da polícia. O socioambientalista Thiago Ávila e outros militantes fizeram uma barreira humana em frente e no teto da escola. "Governador Ibaneis, especulador imobiliário, vai matar a gente", diz Ávila de cima do telhado da escola.

Segundo uma das militantes que estavam presentes no local, a polícia agiu com violência. "Eles chegaram já mandando a gente sair e ameaçando. Jogaram gás de pimenta e bomba de efeito moral sem ninguém ter feito nada além de ficar em volta da escolinha que tinha sido construída de forma comunitária", disse. A afirmação pode ser verificada em inúmeros vídeos que registraram a ação e foram compartilhados nas redes sociais.

Sabrina Fernandes, Talíria Petrone e Thiago Ávila acusam o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (DEM) de ter ordenado a desocupação. O governo do DF não se manifestou sobre as acusações de irregularidades nas detenções ou sobre a participação direta do governador no caso.