Sem comorbidade, jovem de 27 anos morre de covid 5 meses antes de casamento
Aos 27 anos, a motorista de aplicativo Ketherin Bracciali se tornou mais uma vítima das complicações da covid-19.
A jovem, que segundo a família não tinha comorbidades, morreu no domingo (4), em um hospital de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, apenas cinco meses antes de se casar, com cerimônia marcada para 9 de setembro.
A mãe da jovem, a cuidadora de idosos Rosangela Bracciali, relata que a filha começou a ter os primeiros sintomas da doença no início de março. Com dores na garganta e nos joelhos, Ketherin buscou atendimento médico no dia 12, data em que fez o teste para diagnosticar se estava infectada com a covid-19.
Na ocasião, a motorista de aplicativo foi orientada pelos médicos a tomar algumas medicações para combater a doença em casa e a permanecer em isolamento social.
"No início ela estava bem, era só a dor de garganta. Mas quando deu mais ou menos uma semana, ela começou a ter febre. Mas tinham dias que ela estava bem, já em outros ela não se sentia bem. A situação ficava oscilando", relata a mãe.
Depois de uma piora no estado de saúde, sofrendo de muita falta de ar, a jovem procurou novo atendimento médico no dia 19.
Dessa vez, Ketherin foi internada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Tangará, onde permaneceu fazendo uso de oxigênio.
No dia 24 de março, ainda internada, a jovem completou 27 anos. A chegada da nova idade não pôde ser comemorada pela família.
"Nós mandamos mensagens para ela pelo Whatsapp e dizíamos que estávamos esperando ela em casa para podermos comemorar. Nesse dia ela já estava bem fraca, as respostas eram apenas por escrito porque a voz já quase não saia", recorda Rosângela.
Sem apresentar melhoras, a jovem teve uma parada cardíaca e foi reanimada. No dia 31, ela foi transferida para a Santa Casa, onde foi encaminhada para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e precisou ser intubada. Ela teve 75% dos pulmões comprometidos, segundo os familiares. Quatro dias depois a jovem não resistiu às complicações da doença.
"Ela estava no momento mais feliz da vida dela. Vinha conquistando tudo o que desejava. Havia comprado um carro mais novo para trabalhar e estava feliz trabalhando como motorista, ela adorava. Sem contar que estava radiante com a proximidade do casamento", diz a cuidadora de idosos.
Se apoiando à religião para buscar forças para lidar com a perda da primogênita, a mãe da jovem relata que a filha era saudável e respeitava rigorosamente as regras de prevenção à covid-19.
Além de Ketherin, a mãe, irmão e a cunhada testaram positivo para a doença. Os familiares passaram por atendimento médico e fizeram o tratamento em casa. Nenhum deles precisou ser internado.
"A gente não tem ideia de onde contraímos o vírus e quem foi o primeiro a ser infectado. Desde o início da pandemia no ano passado todos tomamos muito cuidado e seguíamos as recomendações de saúde. A Ketherin era a mais cuidadosa. Sempre andava com frascos de álcool na bolsa, no carro, usava máscara e cuidava de toda a higienização", conta.
"Minha filha sempre foi luz por onde passou. Ficou dois anos fazendo missões e ajudando as pessoas. Acredito em Deus e isso tem me dado forças. Sei que ela cumpriu a missão dela aqui", afirmou a mãe.
Preparativos para o casamento
Ketherin havia ficado noiva em janeiro deste ano quando o então namorado, Francisco Queiroz, havia feito o pedido de casamento, com uma surpresa ao ar livre.
Eles estavam juntos há quase dois anos e sonhavam em construir uma família e ter filhos. O casamento aconteceria em Curitiba, cidade do noivo, no dia 9 de setembro.
"Desde criança ela sonhava em se casar e ter filhos e agora estava prestes a realizar esse sonho. Ela estava cuidando de todos os detalhes, havia feito os convites, as lembranças dos padrinhos e já havia escolhido o vestido", lembrou a mãe.
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