Cuiabana perde avós, mãe e tio para covid em 43 dias: 'Nunca vou aceitar'
Myllena Haddad Araujo Patzlaff não esperava perder quatro membros da família em menos de dois meses. Em desabafo ao UOL, ela disse ainda atravessa o processo de luto, e chegou a pensar que estava ouvindo a voz de sua mãe, ainda hoje.
"Até hoje não acredito e acho que nunca vou aceitar, todo canto da casa eu a vejo, no lugar do sofá que ela sempre ficava, na piscina tomando sol que ela amava, hoje mesmo eu acordei e pensei ter escutado a voz dela, todo dia eu acordo pensando nela e durmo pensando nela, todos nós da família estamos tentando ser fortes assim como minha mãe era, ela era como uma luz, cheia de vida, alegre, não tinha quem não gostasse da minha mãe", relatou.
Além da mãe, Monique Haddad Araujo Patzlaff, de 55 anos, o avô Octacilio dos Santos Araujo, de 91 anos, a avó Geny Maria Haddad Araujo, de 78 anos, e o tio João José Haddad Araujo, de 58 anos foram vítimas do novo coronavírus, que já matou mais de 330 mil pessoas no Brasil.
Octacilio viveu um drama à parte. O idoso foi vítima de um caso de reinfecção e teve os sintomas confundidos com uma "suposta reação da vacina", segundo a neta Myllena. Ele tomou a vacina contra a covid-19 em 13 de fevereiro. No mesmo dia, visitou o hospital com sintomas leves de gripe, mas a médica achou que poderiam ser os sintomas da dose do imunizante. Octacilio voltou para casa e quatro dias depois teve falta de ar. Após ser internado e intubado, morreu em 20 de fevereiro com 50% do pulmão comprometido.
A esposa, 13 anos mais nova, também não resistiu. "Ela achou que poderia tratar a doença em casa com homecare e não chegou a ir no hospital". Quando foi, o pulmão já estava comprometido e a intubação era a única opção. Oito dias após perder o avô, Myllena perdeu a avó.
"Meus avós eram os melhores avós do mundo, eu sinto falta deles todos os dias, sempre fizeram de tudo por nós, eu e minha irmã éramos muito apegadas a eles, somos as únicas netas que cresceram com eles pois morávamos na mesma cidade", contou.
Monique seguiu os passos da mãe. Após testar positivo, tentou se recuperar em casa, mas devido às complicações da doença deu entrada no hospital no dia 3, sendo intubada no dia seguinte. No dia 15 de março Monique morreu.
"A primeira semana do falecimento da minha mãe foi horrível, não conseguia comer, perdi peso, só sabia chorar o dia inteiro, sem acreditar e aceitar que isso aconteceu, até hoje não acredito e acho que nunca vou aceitar", desabafou Myllena, que tem uma irmã mais velha, Luanna Haddad Araujo Patzlaff, de 26 anos, que também testou positivo junto de seu namorado. Os dois se recuperam bem, em casa.
A quarta e mais recente vítima foi João José, tio de Myllena. Morador de Valinhos (SP), o pai de duas filhas viajou a Cuiabá para comparecer ao enterro do pai, mas acabou contraindo a doença. "Ele acabou ficando na casa da minha avó, ele sabia que ia acabar pegando", conta. João foi internado em um hospital na cidade onde mora em 6 de março. Após apresentar melhora, no dia 30 de março foi liberado para tratar a doença em casa, mas na sexta-feira (2) voltou ao hospital e foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Um dia depois, ele passou por um procedimento de retirada de água do pulmão, e acabou não resistindo.
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