Caso Henry: Babá relatava em tempo real a Monique agressões de Jairinho
Uma troca de mensagens entre Monique Medeiros, mãe do Henry Borel, e a babá da criança chamou atenção da Polícia Civil do Rio de Janeiro por relatar em tempo real as agressões de Dr. Jairinho. De acordo com a polícia, os prints estão relacionados a uma conversa de 12 de fevereiro, quase um mês antes da morte da criança em 8 de março.
Nas mensagens obtidas pelo UOL, a babá diz que o menino e Dr. Jairinho ficaram trancados por alguns minutos em um cômodo com o volume da televisão alto. Henry teria mostrado hematomas após sair do quarto e ainda afirmou ter levado "uma banda" (rasteira) e chutes do padrasto. A criança ainda reclamou de dores no joelho e na cabeça. Leia aqui a íntegra da troca de mensagens.
Segundo a polícia, as mensagens foram suprimidas no WhatsApp da mãe de Henry, mas a polícia encontrou os prints da conversa no celular de Monique após apreensão.
A conversa teve início por volta das 16h30, quando a mãe da criança relata estar em um shopping.
A babá conta que Jairinho chamou Henry para ver "algo que comprou". Em seguida, Monique diz estar "apavorada" com a situação.
"De início gritou tia. Depois tá quieto. Aí eu respondi: 'Oi'. Aí ele nada", relatou a babá.
"Vai lá mesmo assim", diz a mãe. "Fala assim: sua mãe me ligou falando para você ir na brinquedoteca brincar com criança. E fica um tempo lá. Jairinho não falou que ia para casa", continua.
A babá diz que chama os dois e que nenhum fala nada. "TV alta com voz de desenho", escreve a funcionária.
Monique pede que ela bata na porta, e a babá diz que os dois não respondem ao chamado: "Eu só escuto voz de desenho. Acho melhor você vir. E daí se tiver acontecendo algo você vê".
A mãe manda a babá entrar no quarto "mesmo assim", e ela responde que fica com "medo do Jairinho não gostar da invasão". "Ele não tem que gostar de nada", responde Monique.
"É sempre no seu quarto", diz babá a Monique
Após a conversa, a porta do quarto é aberta e a babá envia uma foto à mãe com Henry aparentemente no colo. "Deu ruim? Sabia. Pergunta tudo. Pergunta o que o tio falou", escreve Monique.
"Então, agora não quer ficar na sala sozinho. Só quer ficar na cozinha", relata a babá, que diz que Jairinho disse para "deixar" Monique "fazer as coisas" dela.
"Falei: 'não tô falando com ela não. Tô falando com minha mãe'. Aí ele: 'ah tá'", diz a babá, que em seguida manda uma foto com Henry ao seu lado. Ela ainda relata que está assistindo televisão com o garoto.
"Fala que vai na brinquedoteca. Eu mando um uber", diz Monique.
A conversa continua e a babá relata que a empregada doméstica da família está "fazendo as coisas". "Vê se ele quer sair de casa ou ficar aí", diz Monique sobre o filho.
"Tô falando com ele. Ele quer que eu fique sentada ao lado dele só", escreve a babá.
Monique ainda lamenta a situação em uma sequência de mensagens: "Coitado do meu filho. Se eu soubesse nem tinha saído. Pergunta o que o tio falou. Fala assim: 'tio Jairinho é tão legal, o que ele falou com você?".
A babá comenta que Jairinho está arrumando a mala próximo aos dois e que faria a pergunta à criança "depois". Em seguida, a babá diz que Jairinho está andando pela casa. "Acho que prestando atenção no que eu estou fazendo", escreve.
Monique diz para ela conversar depois. "Aí disfarço. Abro outra conversa. [Henry] tá comigo na sala. Qualquer coisa te falo", responde a babá.
A mãe diz para que ela dê um banho no filho para ver se ele relaxa. "Ele não quer entrar ali no corredor", responde a babá.
Monique parece perder a paciência com a situação e lamenta ao receber mais uma imagem do filho no colo da babá: "Coitado".
Já por volta das 16h47, a babá começa a relatar as lesões no corpo da criança. "Tá reclamando que o joelho está doendo", escreve. "O que será que aconteceu?", questiona a mãe.
A babá relata que a empregada doméstica da casa perguntou à criança se ele tinha machucado o pé. "Você um dia [tem que] falar que vai demorar na rua e ficar aqui em algum lugar escondida. Ou lá embaixo. E chegar do nada", sugere a babá a Monique.
"Ele foi pro nosso quarto ou o do Henry?", questiona a mãe. "Para o seu quarto. É sempre no seu quarto."
"Eu vou colocar microcâmera. Me ajuda a achar um lugar. Depois eu tiro", diz Monique. A babá diz que conhece uma pessoa que tem empresas de câmeras e a mãe faz uma ressalva: "Mas tem que ser imperceptível".
Durante o papo, a babá diz que a situação não está "normal" e Monique concorda com a afirmação e pede para que ela a mantenha atualizada, e que está "de olho no telefone".
"E eu tenho medo porque cuido dele com muito amor e tenho medo até dele cair comigo. Aí não sei o que Jairinho faz quando chega, depois ele tá machucado sei lá", comenta a babá.
Às 17h02, Monique começa a relatar que "alguma coisa está estranha". "Jairinho me ligou. Dizendo que chegou agora em casa", conta.
"Já chegou um tempão", contesta a babá.
"Ele vai no Barra Shopping. Fala pro Henry que o tio vai sair pra trabalhar de novo, que já já eu chego", diz Monique.
'Me contou que deu uma banda e chutou ele'
Às 17h16, a babá relata que Jairinho saiu da casa e que está só com Henry. "Veja se ele fala alguma coisa", diz Monique.
Nove minutos depois, a babá relata: "Então me contou que deu uma banda e chutou ele, que toda vez faz isso. Que fala que não pode contar. Que ele perturba a mãe dele. Que tem que obedecer ele. Se não vai pegar ele. Combinei com ele agora: toda vez que Jairinho chegar e você não tiver, eu vou chamar ele pra brinquedoteca e ele vai aceitar ir. Porque eu estou aqui pra proteger ele. Aí eu disse: 'Se você confia na tia, me dá um abração'. Aí ele me deu."
A babá ainda envia uma foto de mãos entrelaçadas com a criança e a mãe questiona o trecho em que Henry recebe ameaça.
"Ele não falou mais", diz a babá. Às 17h49, ela envia uma fotografia de Henry de cueca e chinelo e diz que o menino está "mancando". "Mas tô cuidando dele. Termina tudo em paz. Quando você chegar a gente se fala. Vou dar banho nele."
Monique questiona se a "porta do quarto estava aberta ou fechada quando Henry entrou" e a babá diz que estava aberta, mas que Jairinho fechou em seguida. "E daí ficou até aquela hora com a porta fechada", diz.
Ela ainda comenta que Henry está "reclamando da cabeça" e que pediu para ela não lavar porque estava doendo.
"Meu Deus. Como assim? Pergunta tudo. Será que ele bateu a cabeça?", questiona Monique.
A babá manda uma foto do joelho de Henry machucado e diz: "Ele disse que foi quando caiu que a cabeça ficou doendo".
Na manhã de hoje, Monique e Jairinho tiveram a prisão decretada e agora responderão por homicídio com emprego de tortura. De acordo com a polícia, a babá pode responder por falso testemunho.
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